Uma das melhores vinícolas de crus da região do Piemonte, localizada no norte da Itália, a Michele Chiarlo desembarcou em Brasília em grande estilo. Uma degustação no Piselli, do restaurateur Juscelino Pereira , marcou a chegada dos rótulos de classe única, nesta quarta-feira (5), para um grupo seleto de jornalistas e empresários ligados à enogastronomia.
Fundada em 1956, a partir das lições do patriarca Pietro Chiarlo, a Michele Chiarlo tem foco em vinhos formulados a partir de espécies nativas, como Nebbiolo, Barolo, Barbera, Barbaresco, Cortese e Moscato. Com isso, não há, na sua produção, blends ou varietais internacionais. A maturação desta fórmula foi lenta, pois o primeiro Barbera só foi surgir em 1978, quase duas décadas depois.
A seguir, mais uma década para se chegar, na virada de 1988 para 1989, a um Barolo Grand Cru. O Barbera Grand Cru só iria surgir em 1995, quase quatro décadas depois do início da produção. Neste tempo todo, a área de vinhedos foi aumentando gradativamente, chegando aos 150 hectares atuais, sendo 70 próprios e 80 alugados, mas mantendo as tradições, como colheita à mão e sem irrigação, com apenas a umidade natural, as brumas e as chuvas do Piemonte servindo à produção.
O resultado disso é que o sonho de Michele Chiarlo, hoje comandado pelos filhos Stefano, enólogo, e Alberto, responsável pelo marketing, proporciona produtos únicos e adequados ao paladar de quem adora o terroir do Piemonte. Na degustação harmonizada pela cozinha do Piselli, ficou clara a qualidade de alguns rótulos.
O ponto alto foi o tinto Michele Chiarlo Nizza La Court DOCG Reserva, elaborado com uvas Barbera e com 14% de teor alcoólico. Com preço médio de mercado entre R$ 1.050 a R$ 1.130, localizado em sites que comercializam o rótulo, é um vinho de guarda, amadurecido por 30 meses, sendo 12 em barricas de carvalho e 18 na garrafa. Produzido em um lote de apenas três hectares a 240 metros acima do nível do mar, cada safra gera apenas 16 mil garrafas de um vinho complexo, aveludado, estruturado e de final longo, que une notas de cereja, cacau e café.
Para harmonizar com este excelente vinho, a cozinha do Piselli trouxe um Brasato di Guancia con Polenta, ou seja, bochecha bovina, cozida lentamente em vinho tinto, guarnecida com polenta em duas diferentes texturas. A explosão de sabores foi excepcional, mostrando-se o melhor casamento de todos os pratos e rótulos servidos.
Outro destaque foi o Michele Chiarlo Palás Barbaresco DOCG. A linha Pálas tem como principal objetivo conquistar consumidores do Novo Mundo, dominado pelos rótulos argentinos e chilenos. Apesar de moderno e com um objetivo específico, trata-se de um vinho especial, até por ser um DOCG ( Denominazione di Origine Controllata e Garantita ou, em português, demoninação de origem controlada e garantida).
Após 18 meses em barricas de 600 litros a 3,6 mil litros e 6 meses na garrafa, atinge dois anos de guarda com corpo e taninos fortes, o que faz com que seja imprescidível tomá-lo com comida. Neste ponto, o Risotti Funghi e Zuchini, mix de cogumelos e duas texturas diferentes de abobrinha, foi o casamaneto perfeito , ao unir suavidade a um vinho forte, com preço variando entre R$ 453 a R$ 490 nos sites especializados.
Nos brancos, sobressaiu-se o Michele Chiarlo Le Madrid Roeiro Arneis, branco com graduação alcoólica de 13%, totalmente elaborado com a uva arneis , varietal identificada por volta de 1432, em Chieri, província de Turim, no norte da Itália, e que escapou por pouco da extinção. Hoje, a Arneis é destaque na região, por ser a uva branca mais plantada no Piemonte. Cultivado em solo arenoso, tem colheita manual e, após a vinificação com as cascas, o vinho descansa por três meses em barrica.
O Piselli harmonizou magnificamente o vinho com um Carpaccio di Pesce, feito com lâminas de peixe branco curado na casa, erva doce e ovas frescas. Um casamento perfeito, já que recomenda-se consumir o Michele Chiarlo Le Madrid Roeiro Arneis com frutos do mar e steak tartar. A um preço médio de mercado entre R$ 293 e R$ 315, localizado em sites que comercializam o rótulo, mostrou-se uma excelente opção como vinho de aperitivo ou entrada.
Também foram apresentados outros dois rótulos, o Michele Chiarlo Palás Barbera D’Asti , que não passa por carvalho, só por tonéis de inox, sendo um vinho leve, frutado e com teor alcoólico menor, e o Moscato D’Asti DOCG Palás , de graduação alcoólica de 5% e harmonização ideal com sobremesas a base de frutas e sorvetes. Ambos de excelente qualidade e com objetivos bastante específicos.
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