María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, pediu que o Brasil "eleve sua voz" contra o governo de Nicolás Maduro em uma entrevista exclusiva ao blog e ao Estúdio I, da GloboNews.
"Precisamos que a comunidade internacional, especialmente o Brasil e o presidente Lula, eleve suas vozes para que termine a repressão", declarou Machado, barrada de participar das eleições de julho deste ano.
A eleição, que contou com a participação de Maduro e Edmundo González, foi marcada pela autoproclamação de González após o resultado. O Conselho Nacional Eleitoral e o Tribunal Supremo, no entanto, proclamaram Maduro como vencedor, embora as atas detalhadas não tenham sido apresentadas.
Após a declaração de vitória de Maduro, o país enfrentou protestos violentos que resultaram em 24 mortes de opositores.
O Ministério Público pediu a prisão de González, e a Justiça a decretou na segunda-feira (2). Ele enfrenta acusações de usurpação de funções da autoridade eleitoral, falsificação de documentos oficiais, incitação a atividades ilegais, sabotagem de sistemas e associação criminosa.
"Hoje em dia na Venezuela, todos temos medo, não somente de perder nossa liberdade, mas também a nossa vida", afirmou Machado. "Mas eu tenho um compromisso assumido com o povo da Venezuela e não vou abandoná-lo."
Em resposta, González declarou que "o que o país precisa é ver as atas eleitorais, não ordens de apreensão."
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Machado afirma que "nenhum governo democrático do mundo tenha aceitado a farsa e a fraude de Maduro." Ela diz que os países precisam intensificar a pressão sobre o regime.
"Maduro não pode permanecer sem legitimidade, sem apoio, sem possibilidade de conseguir financiamento, sem reconhecimento internacional."
A ONG Human Rights Watch apontou "abusos generalizados por parte de autoridades e grupos armados pró-Maduro" e cobrou que o Brasil "defenda a justiça na Venezuela."
"A única solução estável e pacífica é uma transição ordenada para a democracia. Aqueles que acreditam que Maduro possa se estabilizar à custa da violência não entendem nada", disse Machado ao blog.
Sobre a possibilidade de uma transição, Machado indicou que uma negociação poderia incluir anistia para Maduro e apoiadores, desde que seja claramente estabelecido o escopo da negociação.
"Em uma negociação, é preciso dar garantias, sem espaço para dúvidas, mas todos sabemos que há crimes que não são passíveis de anistia, enquanto outros podem ser", explicou, destacando a necessidade de definir as metas da negociação.
"Todos os venezuelanos entendem que estamos vivendo o pior momento de repressão da nossa história", concluiu Machado, referindo-se à atual situação como "brutal."
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