O cenário político na Venezuela se intensificou dramaticamente nos últimos dias, com incidentes que expõem a fragilidade democrática do país sob o regime de Nicolás Maduro. O que deveria ser um processo eleitoral, marcado para este domingo (28), transformou-se em uma arena de confrontos e tensões, tanto internas quanto internacionais.
Na última sexta-feira (26) um episódio revelou a hostilidade do governo venezuelano em relação à supervisão internacional. Autoridades impediram a decolagem de um voo da Copa Airlines, que sairia do aeroporto de Tocumen, no Panamá, com destino à Venezuela.
A bordo, estavam ex-presidentes latino-americanos que seriam observadores eleitorais. Entre eles, Mireya Moscoso (Panamá), Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia) e Vicente Fox (México), todos críticos do governo de Maduro e membros do Grupo Idea.
Em uma coletiva de imprensa no Palácio Presidencial da Cidade do Panamá, Moscoso relatou a comoção dos passageiros, muitos deles venezuelanos retornando para votar.
"O avião estava cheio, completamente cheio de venezuelanos que viajavam para votar. Vimos lágrimas, pessoas chorando nos pedindo: ‘Por favor, fiquem, não vão embora!’", declarou, evidenciando o desespero de uma população ansiosa por exercer seu direito democrático. Vicente Fox, ex-presidente do México, classificou o incidente como "um mau sinal para domingo".
A repressão não parou por aí. O governo chileno protestou oficialmente após dois senadores conservadores, José Manuel Rojo Edwards e Felipe Kast, terem sua entrada negada na Venezuela.
"Isso demonstra que todas as palavras de alguns que dizem que isto é uma democracia são simplesmente uma grande mentira", afirmou Kast, desnudando a farsa de um regime que insiste em se apresentar como legítimo.
Repercussão
Os ecos dessas ações reverberaram pela América Latina. Dez congressistas e eurodeputados do Partido Popular (PP) espanhol, além de parlamentares da Colômbia e do Equador, também foram deportados ao chegarem ao aeroporto de Maiquetía, em Caracas.
A repressão a observadores internacionais é um claro indicativo da tentativa de Maduro de controlar rigidamente o processo eleitoral e silenciar qualquer crítica externa.
O clima de tensão foi agravado por declarações ameaçadoras de Maduro, que advertiu sobre "um banho de sangue" caso a oposição vença. Essa retórica alarmante levou os presidentes do Brasil e do Chile, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Gabriel Boric, a expressarem profunda preocupação.
Enquanto isso, em Caracas, o presidente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Elvis Amoroso, declarou que "está tudo pronto" para a votação, apesar das denúncias de atrasos na instalação das mais de 30 mil mesas de votação. O candidato opositor, Edmundo González, apelou ao CNE para "respeitar e fazer respeitar" os resultados.
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