Desde o início do conflito no Oriente Médio no último dia 7, após o ataque surpresa do Hamas a Israel, é discutida a criação de um corredor humanitário para que ajuda fornecida por outros países consiga chegar aos civis que são direta ou indiretamente afetados pela guerra.
O corredor humanitário
é essencialmente um acordo entre as partes envolvidas no confronto para permitir uma passagem segura de civis, durante um tempo limitado e em uma área geográfica específica, conforme a definição do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Além de ser uma via para a passagem de suprimentos, como medicamentos, alimentos e outros itens básicos, o corredor humanitário é uma maneira de fazer com que a população civil deixe as zonas de conflito e uma forma de evacuar pessoas feridas, doentes ou mortas.
Devido às limitações escopo, porém, a medida não é vista como a solução ideal, já que, durante uma guerra, a população civil deve ser protegida contra ataques e deve ser autorizada a evacuar a área afetada, havendo ou não um acordo para a passagem segura.
Conforme a CICV, o Direito Internacional Humanitário (DIH), que é um conjunto de normas que protege as pessoas que não participam dos conflitos, deve ser seguido nessas circunstâncias.
Brasil e Israel discutem criação de corredores humanitários
Em conversa na última quarta-feira (18), os governos do Brasil e de Israel discutiram a repatriação dos brasileiros que ainda estão na Faixa de Gaza e aguardam a volta ao Brasil, além de terem falado sobre a criação de um corredor humanitário na fronteira Rafah, no Egito.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende a criação de um corredor humanitário para ajudar na operação de repatriação dos brasileiros em Gaza. O petista também já tratou do tema com os presidentes Egito, Abdel Fatah al-Sissi, e de Israel, Isaac Herzog.
Segundo o Itamaraty, a resolução do Brasil sobre o conflito entre Israel e o Hamas apresentada ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) pedia pausas humanitárias para levar ajuda aos civis que estão na região de Gaza.
A resolução escrita por diplomatas russos também pedia a abertura de corredores humanitários, além de um cessar-fogo imediato e a liberação de reféns com segurança. Ambas as propostas, no entanto, foram rejeitadas no conselho da ONU.
Ajuda humanitária à Faixa de Gaza
Nesta semana, o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que não vai bloquear a entrada de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, "desde que consistam em água, alimentos e medicamentos para a população civil no sul da Faixa de Gaza… E desde que a ajuda não chegue ao Hamas".
Em comunicado, o governo israelense frisou, no entanto, que essa entrada deve ser feita única e exclusivamente pela fronteira da região com o Egito.
Em contraofensiva às ações do Hamas, a região de Gaza tem sido alvo constante de ataques aéreos por parte de Israel. Os palestinos que estão no enclave relatam escassez de água, comida e eletricidade, problemas causados pelo cerco total que o governo israelense impôs na região — prática considerada um crime de guerra, conforme o DIH.
Israel pediu aos moradores do norte e leste da área que deixassem suas casas, inicialmente dando um prazo de 24 horas, antes de intensificarem os bombardeios.
Qual o impedimento para a liberação de Rafah?
A fronteira de Rafah, do Egito para a Faixa de Gaza, é a única entrada ou saída de Gaza que não é controlada por Israel, mas a passagem segue fechada desde os ataques do Hamas no início do mês.
Desde então, negociações estão sendo feitas para que a via seja liberada, mas a discussão é delicada, já que necessita da aprovação do Egito, do Hamas e de Israel.
No início desta semana, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, negou a existência de um cessar-fogo temporário para que estrangeiros — entre eles, brasileiros — conseguissem deixar Gaza. Anteriormente, duas fontes de segurança egípcias haviam informado à Reuters que Egito, Israel e Estados Unidos haviam concordado com uma trégua temporária para que a fronteira em Rafah fosse reaberta.
O chefe do gabinete de comunicação do Hamas, Salama Marouf, também negou a afirmação e disse não ter recebido nenhuma informação do Egito sobre um plano para que a fronteira fosse reaberta.