Rua 25 de Março, em São Paulo (SP)
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
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O planeta deve ultrapassar a marca de 8 bilhões de habitantes no dia 15 de novembro, apesar da taxa de crescimento da Humanidade estar em descenso. A previsão foi anunciada nesta segunda-feira pela Organização das Nações Unidas, no lançamento de um relatório que também mostrou a reversão de uma tendência de meio século: devido à pandemia, a expectativa média de vida no planeta caiu mais de um ano entre 2019 e 2021.

Em 2019, o último ano antes da crise sanitária, a expectativa de vida era de 72,8 anos — no ano passado, contudo, caiu para 71 anos. O Brasil, um dos países mais impactados pela crise sanitária, viu uma queda ainda superior à média global: passou de 75,3 anos para 72,8 anos em 2021.

Com o avanço da vacinação, que reduz a letalidade da doença, a previsão é que a mudança na longevidade seja apenas temporária: a ONU estima que todos os países devem retornar aos níveis pré-Covid entre 2022 e 2025. O ritmo vai depender de como cada nação foi afetada pela doença e de suas taxas de cobertura vacinal na população adulta. No caso brasileiro, isso deve ocorrer em 2023.

Segundo o relatório "Perspectivas da população mundial", uma criança nascida no meio do século deve viver cerca de 77,2 anos — cerca de 13 anos a mais que em 1990. A tendência é que os brasileiros cheguem a 2050 com uma expectativa de vida de 81,3 anos. Em 1950, quando os dados começaram a ser contabilizados, a média nacional era de 48 anos.

Isso, contudo, não será suficiente para que a a população nacional continue a crescer no mesmo ritmo, e a tendência é que o número de brasileiros atinja seu pico em 24 anos. Com uma taxa de crescimento que já é a metade da global — 0,45% ao ano contra 0,84% — o Brasil deve inclusive terminar o século fora do rol das dez nações mais populosas do planeta.

O atual sexto lugar, inclusive, deve ser pedido para a Nigéria ainda neste ano. O país deve terminar 2022 com 215,3 milhões de habitantes, cerca de 3 milhões a menos que a nação africana, que cresce em nível acelerado. Até 2100, deve ser ultrapassado ainda por República Democrática do Congo, Estados Unidos, Etiópia, Indonésia, Tanzânia e Egito.

O cenário brasileiro só antecipa em alguns anos aquela que será uma tendência global. Segundo as projeções, a Terra deve ter cerca de 8,5 bilhões de habitantes em 2030 e 9,7 bilhões em 2050. Deve chegar a um pico de 10,4 bilhões em 2080 e manter-se neste patamar até o fim do século, quando começará a cair.

A justificativa está nos números: apesar do aumento da longevidade, nascem cada vez menos bebês. Com o aumento do custo de vida, a entrada da mulher no mercado de trabalho e o fácil acesso a métodos contraceptivos em boa parte do planeta, o número médio de filhos por mulher passou de cinco em 1950 para 2,3 em 2021. Em 2050, deve chegar a 2,1.

Os impactos na pirâmide etária do planeta já são visíveis: aqueles com mais de 65 anos eram 10% da população global em 2021, percentual que deve aumentar para 16% em 2050. Até lá, o número de idosos já deve ser mais que o dobro das crianças com menos de 5 anos.

O cenário, contudo, varia de país para país. Enquanto nações desenvolvidas europeias precisam reformular suas Previdências e estimulam casais a terem filhos, em outros cantos do planeta o crescimento populacional é acima da média.

A Índia deve, já no ano que vem, ultrapassar a China como país mais populoso do planeta. Enquanto a população chinesa está em curso para atingir seu pico nos próximos cinco anos, pressionando Pequim para acelerar reformas que mantenham o crescimento econômico enquanto a mão de obra encolhe, os indianos continuam a ter ritmo acelerado.

Os indianos devem concentrar mais da metade do crescimento populacional da próxima década, junto com Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Tanzânia e República Democrática do Congo. As populações desses dois últimos países devem ter taxas de crescimento anual entre 2% e 3% até 2050. Não é à toa que ambos ficam na África Subsaariana, região que deve continuar a crescer até o fim do século. Entre essas nações estão algumas das 46 menos desenvolvidas do planeta, também entre aquelas que mais crescem.

Vários dos países mais pobres do planeta devem ver suas populações dobrarem entre 2022 e 2050, tensionando ainda mais situações econômicas e humanitárias já complicadas. Por motivos que incluem sua posição geográfica e a falta de recursos para investir em mitigação e adaptação, serão também algumas das mais afetadas pelo aquecimento global.

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