Soldados em tanques durante o 'Dia da Vitória' na Rússia
Reprodução/Kremlin - 09.05.2022
Soldados em tanques durante o 'Dia da Vitória' na Rússia

Diante dos revezes na ofensiva na Ucrânia, o  Parlamento da Rússia aprovou às pressas nesta quarta-feira uma lei para remover a idade máxima para o alistamento de novos recrutas. O objetivo é expandir o leque de soldados em potencial para abastecer seu Exército, em meio aos obstáculos que se acentuam conforme a invasão entra em seu quarto mês.

Os parlamentares da Duma, a Câmara Baixa russa, aprovaram a medida introduzida na semana passada em uma única sessão, após três leituras. O projeto seguiu de imediato para o Conselho da Federação, a Câmara Alta, que deu seu aval logo em seguida. Para ser formalizada como lei, falta a assinatura do presidente Vladimir Putin.

Atualmente, apenas cidadãos russos com idades entre 18 e 40 anos podem se alistar como soldados profissionais. Para os estrangeiros, o limite é de 30 anos. A medida não valerá para os soldados em atividade que queiram renovar seus contratos, para quem o limite de idade continuará a ser de 50 anos.

"Hoje, especialmente, nós queremos fortalecer as Forças Armadas e ajudar o Ministério da Defesa. Nosso comandante supremo está fazendo todo o possível para garantir que as nossas Forças Armadas vençam e nós precisamos ajudá-lo", disse Vyacheslav Volodin, presidente da Duma e ex-assessor de Putin.

Com a suspensão destes tetos, o Kremlin busca atrair mais integrantes especializados, como funcionários da saúde e engenheiros, disse um comunicado emitido na última sexta, afirmando que “especialistas altamente profissionais são necessários” para operar equipamentos militares.

De acordo com analistas, o objetivo do governo russo com o alívio das restrições para a contratação de soldados é uma tentativa de aumentar a força de trabalho sem recorrer a medidas impopulares, como mobilizações em massa. Ao site Moscow Times, Nick Reynolds, especialista em batalhas terrestres no Instituto de Serviços Unidos Reais, em Londres, disse que avanços futuros dependerão do aumento de pessoal:

Atualmente, cerca de 400 mil soldados servem nas Forças Armadas russas, segundo o Moscow Times. Cerca de 130 mil soldados são adicionados anualmente a esta quantia. Recrutados duas vezes ao ano, eles podem ser enviados para o exterior após quatro meses de treinamento militar.

"Dado o modelo das Forças Armadas russas, quando se leva em conta as perdas, estão operando perto do seu limite", afirmou Reynolds. "Se os russos querem fazer avanços sérios daqui para a frente, precisará ser com operações metódicas com investimentos significativos em recursos e força humana."

Os comunicados oficiais russos não fazem menções à escassez de força humana nos campos de batalha, algo que informações da Inteligência ucraniana e de países ocidentais indicam ter se acentuado após os revezes nas tentativas de tomar Kiev e Kharkiv, a segunda maior cidade do país. Também não há menções às baixas em batalha.

No dia 25 de março, o Ministério da Defesa disse que 1.351 russos haviam morrido e 3.825 teriam ficado feridos desde o início da operação, em 24 de fevereiro. Nos dois meses desde então, os números não foram atualizados, mas análises internacionais indicam que os números eram muito subestimados à época e cresceram significativamente desde então.

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*(com informações de agências internacionais)

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