O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com boné da campanha de Gabriel Boric em foto postada em uma rede social
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com boné da campanha de Gabriel Boric em foto postada em uma rede social

O mundo está de olho nas eleições brasileiras e, embora ainda faltem oito meses para o pleito, alguns governos estrangeiros e presidentes eleitos atuam como se o mandato de Jair Bolsonaro tivesse terminado e, em alguns casos, como se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já tivesse sido reeleito. Depois de o chefe de Estado brasileiro ter recusado o convite para ir a Santiago no próximo dia 11 de março, o  presidente eleito do Chile, Gabriel Boric, por exemplo, fez sondagens para convidar Lula para sua posse. A informação foi confirmada por fontes brasileiras e chilenas.

Segundo as fontes brasileiras, o ex-presidente não deve aceitar o convite, já que não considera “prudente” ir a posses presidenciais. Mas o desejo de Boric seria já começar a conversar com Lula sobre futuras alianças, confiando em que o ex-presidente será  reeleito este ano. O ex-chanceler Celso Amorim, principal assessor internacional de Lula, também foi convidado para reuniões em Santiago, às quais não  poderá comparecer porque acompanhará o ex-presidente em sua viagem ao México, nos primeiros dias de março.

O México é outro dos países da região que já faz claras sinalizações a favor de uma mudança de governo no Brasil. Além do convite a Lula e da viagem da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2021, à Cidade do México, o governo do presidente Andrés Manuel López Obrador acaba de decidir retirar seu atual embaixador em Brasília, José Piña, que permaneceu três anos no posto, e, segundo versões extra-oficiais divulgadas pela imprensa mexicana e confirmadas por fontes diplomáticas do país, a escolhida para substituí-lo foi a escritora Laura Esquivel, também conhecida por seu ativismo a favor dos direitos humanos.

Na vizinha Argentina, a expectativa por uma mudança de governo também é grande. O presidente Alberto Fernández nunca escondeu sua amizade com Lula, e em dezembro passado organizou um grande evento em homenagem ao ex-presidente na Praça de Maio. Em recente viagem à Rússia e China, Fernández expressou seu desejo de que a Argentina passe a integrar os Brics, recebendo, quase imediatamente, o apoio da campanha de Lula, através de Amorim.

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Entre os governos mais entusiasmados com um eventual retorno de Lula ao poder também estão os da Alemanha e França. Em geral, as fontes diplomáticas consultadas confirmaram o enorme interesse estrangeiro no processo eleitoral brasileiro e, também, certa preocupação pelo compromisso do presidente Bolsonaro com regras democráticas.

Mas, assim como há governos e presidentes eleitos entusiasmados com a possibilidade do retorno de Lula ao poder, também existem outros que, em conversas informais, admitem que prefeririam a continuidade do governo Bolsonaro. Um desses países na região é a Colômbia, que em maio também elegerá um novo presidente. Em setores de centro e direita do país, o objetivo é impedir a vitória do senador e ex-guerrilheiro Gustavo Petro, que já manifestou sua intenção de propor alianças a um eventual governo de Lula.

A oposição venezuelana também acompanha com certo temor a eleição brasileira, já que sabe que um eventual governo de Lula buscaria algum mecanismo de diálogo com o governo Maduro e isso enfraqueceria as fragmentadas forças opositoras. O governo interino de Juan Guaidó continua sendo reconhecido como legítimo pelo governo Bolsonaro, e sua embaixadora, Maria Teresa Belandria, como representante legítima da Venezuela no Brasil. Se Lula retornar ao poder, sabe-se, a relação com a Venezuela de Maduro seria reatada.

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