Após Biden falar em invasão, chanceler russo diz que não quer guerra
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Após Biden falar em invasão, chanceler russo diz que não quer guerra

O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou nesta sexta-feira que seu país "não quer guerra", depois que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em comversa por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que vê "clara possibilidade" de que a  Rússia invada o país em fevereiro.

"Escolhemos a via da diplomacia há muitas décadas. Tem que trabalhar com todo o mundo. Esse é o nosso princípio", declarou Lavrov, em entrevista transmitida por várias estações de rádio e televisão russas. "Se depender da Rússia, não haverá guerra. Não queremos guerras. Mas tampouco vamos permitir que nossos interesses sejam grosseiramente ultrajados, ignorados".

Lavrov fez comentários positivos sobre as propostas de segurança oferecidas pelos EUA para resolver o conflito diplomático. Na quarta-feira, o governo americano e a Otan entregaram cartas sigilosas contendo respostas às exigências russas para a solução do impasse. Os EUA não abriram mão da política de "portas abertas" para a Otan, segundo a qual qualquer país pode se tornar um membro desde que cumpra com certos requisitos.

"As propostas dos EUA foram melhores do que as propostas da Otan", disse o chanceler, acrescentando que espera se encontrar com o secretário de Estado americano, Antony Blinken, nas próximas semanas e que o presidente Vladimir Putin decidirá como responder às opções oferecidas.

Também nesta sexta-feira, o embaixador americano em Moscou, John Sullivan, afirmou em uma entrevista coletiva que a resposta americana inclui maior transparência sobre a realização de exercícios militares na Europa.

Mais tarde, Lavrov deve conversar por telefone com a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock.

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O telefonema de Biden e Zelensky foi alvo de grande especulação da imprensa americana. Citando um alto funcionário do governo ucraniano, muitos veículos informaram que Biden teria dito a Zelensky que uma invasão dos militares russos "era certa" e ocorreria assim que o solo da região congelasse. O site Axios, por exemplo, publicou que fontes confirmaram que os dois presidentes teriam discordado sobre a iminência da ameaça russa, com o lado ucraniano afirmando ter informações de inteligência que a minimizavam.

"Isso não é verdade. O presidente Biden disse que há uma possibilidade clara de que os russos possam invadir a Ucrânia em fevereiro. Ele já disse isso publicamente e estamos alertando sobre isso há meses. Relatos de algo a mais ou diferente do que isso são completamente falsos", informou a porta-voz da Casa Branca Emily Horne em comunicado.

As tensões geopolíitcas têm como pano de fundo a concentração de cerca 100 mil militares russos na fronteira com a Ucrânia, o que gerou um temor de invasão da ex-república soviética.

No mês passado, a Rússia tornou pública uma lista de exigências para o fim da crise, trazendo de novo ao centro do debate uma divergência entre  Moscou e o Ocidente que remonta ao período depois do fim da União Soviética, no início dos anos 1990. Na época, a Otan expandiu sua lista de integrantes para perto das fronteiras russas, com a adesão dos países ex-comunistas do Leste Europeu e das antigas repúblicas soviéticas no Mar Báltico.

Com oito pontos, a lista russa tem como principal demanda que a Otan “se comprometa a não realizar qualquer expansão, incluindo a adesão da Ucrânia e de outros Estados”. Além da Ucrânia, que apresentou sua candidatura em 2008, a Geórgia, outra ex-república soviética, e a Bósnia, que integrava a ex-Iugoslávia, são países considerados aspirantes a integrar a aliança.

A Rússia também exige que  as forças da Otan e dos EUA deixem os países do Leste Europeu e suspendam exercícios militares perto das fronteiras russas. Moscou defende ainda que as relações com a aliança não sejam entre “adversários” — um termo usado por Biden para se referir à Rússia — e apresenta o Conselho Otan-Rússia, estabelecido em 2002, como o ambiente ideal para o diálogo. Na prática, Moscou deseja ser tratada como uma potência, com suas próprias visões de segurança e áreas de influência.

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