Ocidente condena Belarus por desestabilizar fronteiras europeias
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Ocidente condena Belarus por desestabilizar fronteiras europeias

Os membros europeus e norte-americano do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenaram, nessa quinta-feira (11), a "instrumentalização orquestrada de seres humanos" pela  Bielorrússia, na fronteira com a Polônia, para "desestabilizar a fronteira externa da União Europeia (UE)". Apesar das ameaças do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, a Comissão Europeia prepara-se para aplicar novas sanções ao país.

A tensão entre a UE e a Bielorrússia aumenta todos os dias desde a chegada, na última segunda-feira (8),  de centenas de migrantes e refugiados à fronteira do país com a Polônia. A situação é considerada pelas delegações ocidentais do Conselho de Segurança da ONU uma "instrumentalização orquestrada de seres humanos cujas vidas e bem-estar foram colocados em perigo para fins políticos pela Bielorrússia" e para "desestabilizar a fronteira externa da União Europeia".

"Isso é prova de como o regime de Lukashenko se tornou uma ameaça à estabilidade regional. Apelamos às autoridades bielorrussas para que parem com essas ações desumanas e não coloquem em risco a vida das pessoas".

Rússia apoia Minsk

A Comissão Europeia acusou o presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, apoiado pelo presidente Vladimir Putin, da Rússia, de alimentar a crise há várias semanas, por meio da emissão de vistos para os migrantes e do transporte deles para a fronteira com a Polônia, limite da União Europeia, como forma de vingança pelas sanções impostas por Bruxelas.

A declaração não menciona a Rússia, que tem apoiado a Bielorrússia desde o início da crise e que, antes da reunião, tinha negado as acusações ocidentais, assegurando que não estava envolvida com Minsk no envio de migrantes para a fronteira.

Ontem, Lukashenko admitiu ter pedido à Rússia ajuda na vigilância da fronteira com a UE, para onde Moscou enviou bombardeiros estratégicos com capacidade nuclear. As missões marcaram a segunda vez, em dois dias, que a Rússia enviou seus bombardeiros com capacidade nuclear à Bielorrússia.

"Sim, são bombardeiros capazes de transportar armas nucleares. Não temos outra saída. Precisamos de saber o que fazem do lado de lá da fronteira", afirmou Lukashenko durante reunião do Executivo.

"[Moscou] enviou bombardeiros estratégicos escoltados pelos nossos caças. Os aparelhos vão sobrevoar as fronteiras com a Polônia, com os países bálticos, com todos os Estados-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e ainda com a Ucrânia. Moscou, que estendeu esta semana a presença de militares russos em território bielorrusso por 25 anos, apoia Minsk na crise migratória com a Polônia, que conta, por sua vez, com a ajuda europeia. A Rússia atendeu ao pedido e tem patrulhado os céus da Bielorrússia, alegando estar em suas obrigações como membro da aliança militar intergovernamental estabelecida pelo Tratado de Tashkent. No entanto, Moscou não fecha a porta ao diálogo com a UE e responsabiliza implicitamente o bloco pelas crises vividas nos países de origem dos migrantes que agora tentam entrar no espaço europeu. "A saída, obviamente, passa pelo diálogo", afirmou Dmitry Polyansky, embaixador adjunto da Rússia na ONU, lembrando que "não é a primeira vez que a União Europeia enfrenta tempos de crise como este. Podemos citar os motivos pelos quais essas pessoas estão fugindo dos seus países, quem esteve por trás disso, que países destruíram os seus".

Pelo Twitter, a missão russa nas Nações Unidas acusa os líderes europeus de quererem retratar a Bielorrússia e a Rússia como "perpetradoras da crise" e de dualidade de critérios, quando a postura da UE em relação aos migrantes resgatados no Mediterrâneo "foi drasticamente diferente".

Gás

Nesta sexta-feira, o governo russo assegurou que o fornecimento de gás para a Europa vai manter-se, apesar das ameaças de Minsk. O Kremlin garantiu que as entregas de gás russo à Europa não vão ser suspensas, apesar das ameaças bielorrussas de fechar as válvulas de um grande gasoduto que passa pelo país, caso a UE imponha mais sanções.

A Rússia "é e continuará a ser um país que cumpre todas as suas obrigações de fornecer gás aos consumidores europeus", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

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