Presidente Hassan Rouhani ressaltou que seu país quer a energia nuclear apenas para fins pacíficos
Reprodução/Twitter/HassanRouhani
Presidente Hassan Rouhani ressaltou que seu país quer a energia nuclear apenas para fins pacíficos

O Irã confirmou nesta terça-feira (3) que irá deixar de lado mais um dos compromissos previstos no acordo sobre seu programa nuclear, assinado em 2015. Em discurso, o presidente Hassan Rouhani disse que, a partir de sexta-feira (6), serão abandonadas as restrições sobre o desenvolvimento de novas centrífugas para o enriquecimento de urânio. Na prática, isso permitiria o enriquecimento a níveis mais elevados, muito embora o país negue ter qualquer intenção de construir armas nucleares.

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O acordo, assinado por Irã , EUA, França, Reino Unido, Alemanha, Rússia e China, além da União Europeia, estabelece limites às atividades atômicas iranianas, oferecendo em troca o alívio de sanções econômicas e acesso aos meios usuais de comércio e pagamento internacionais.

O plano funcionou sem problemas até 2017, com a posse de Donald Trump nos EUA. Uma de suas promessas de campanha era retirar o país do acordo nuclear, o que aconteceria em 2018. Logo em seguida, sanções foram retomadas e ampliadas, inclusive sobre as exportações de petróleo.

Em resposta, o Irã pressionou os demais signatários, especialmente os europeus, exigindo contrapartidas para se manter dentro dos limites. Com a economia em crise e sem qualquer perspectiva de melhora, Teerã começou, em julho, a abandonar alguns de seus compromissos do acordo. O primeiro foi o aumento dos estoques de material nuclear, seguido pela elevação do grau de enriquecimento de urânio, embora ainda em patamares considerados baixos.

Sem fim de sanções

Mesmo depois do anúncio iraniano, representantes europeus tentavam achar alguma saída para o impasse. A maior e mais recente aposta é uma linha de crédito de US$ 15 bilhões, sugerida pela França, que seria atrelada à renda obtida com a exportação de petróleo iraniano. O maior problema é que o plano precisa do aval dos EUA, por conta das sanções impostas a empresas petrolíferas do Irã. Segundo pessoas próximas das negociações, a Casa Branca não descarta dar sinal verde à ideia.

Essa seria uma forma dos EUA e Europa manterem a porta aberta para a diplomacia. Trump, inclusive, disse que poderia se encontrar com o líder iraniano durante as reuniões de líderes na Assembleia Geral da ONU , no final do mês. Porém, disse que a retirada de sanções — principal impasse em torno do acordo nuclear — está fora de questão.

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Por sinal, novas medidas foram impostas pelo Departamento do Tesouro nesta quarta-feira a pessoas, instituições e embarcações ligadas ao que os EUA dizem ser uma rede de fornecimento ilegal de petróleo para o governo da Síria.

"Aplicamos sanções hoje. Há mais sanções vindo. Não temos como deixar mais claro que estamos comprometidos com a campanha de pressão máxima e não estamos pensando em fornecer exceções ou permissões", disse o representante especial dos EUA para o Irã , Brian Hook.

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