Para o ex-embaixador britânico nos Estados Unidos Kim Darroch, Trump deixou acordo nuclear com Irã para contrariar Barack Obama
Official White House/Tia Dufour
Para o ex-embaixador britânico nos Estados Unidos Kim Darroch, Trump deixou acordo nuclear com Irã para contrariar Barack Obama

Para o ex-embaixador britânico nos Estados Unidos, Kim Darroch, Donald Trump retirou seu país do acordo nuclear iraniano porque o pacto estava associado a seu antecessor, Barack
Obama, segundo documentos diplomáticos publicados pela imprensa.

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"O governo aposta em um ato de vandalismo diplomático, ao que parece por razões ideológicas e de personalidade. Era o acordo de Obama", escreveu Darroch em um telegrama
diplomático, em maio de 2018, sobre a administração Trump .

O documento faz parte de uma segunda série de  informes confidenciais vazados e publicados pelo jornal Mail on Sunday . A primeira provocou a demissão de Kim Darroch na última
quarta-feira (10).

Em maio de 2018, o então chanceler britânico, Boris Johnson, visitou Washington para tentar convencer o presidente norte-americano a não retirar os Estados Unidos do acordo com
o Irã, assinado em 2015. Em um telegrama enviado depois, Darroch relata divisões na equipe de Trump envolvendo esta decisão, e critica a ausência de estratégias a longo prazo da
Casa Branca.

O ex-embaixador também informou que o secretário de Estado estadunidense, Mike Pompeo, "distanciou-se sutilmente", falando em "decisão do presidente", durante suas conversas com
Johnson. Segundo Darroch, Pompeo deixou entrever que havia tentado "vender" um texto revisado para republicano, publicou o jornal.

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O governo britânico ordenou que seja investigada a origem dos vazamentos, enquanto a polícia abriu uma investigação sobre uma eventual violação das leis sobre os segredos
oficiais. Segundo o jornal The Guardian , a polícia já saberia quem é o autor dos vazamentos, mas está recolhendo provas.

A polícia britânica foi acusada de ameaçar a liberdade de imprensa, por ter lançado advertências contra os meios de comunicação que publicarem documentos confidenciais.

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Neste domingo (14), o ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, declarou que a violação pelo Irã dos limites acordados para o enriquecimento de urânio,
depois que os Estados Unidos abandonaram o acordo, foi "uma reação ruim a outra decisão ruim", aumentando os temores de uma guerra .

"A situação é séria", alertou Le Drian, quando questionado sobre o risco de uma guerra mais ampla no Oriente Médio, ao chegar para a parada militar anual do Dia da Bastilha em
Paris. "O fato de o Irã ter decidido retirar-se de alguns de seus compromissos sobre a proliferação nuclear é uma preocupação adicional. É uma decisão ruim, uma reação ruim a
outra decisão ruim, a da retirada dos EUA do acordo nuclear um ano atrás", completou.

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As tensões aumentaram quando o governo norte-americano culpou o Irã por ataques a petroleiros e Teerã abateu o drone de vigilância dos EUA. O presidente Donald Trump chegou a ordenar ataques aéreos , cancelando apenas alguns minutos antes da operação.

O mandatário retirou os Estados Unidos no ano passado do acordo de 2015 entre o Irã e as potências mundiais para conter o seu programa nuclear, para a consternação dos co-
signatários França, Grã-Bretanha, Alemanha, Rússia e China.

As potências europeias não apóiam as sanções impostas por Trump ao Irã, com vistas a forçá-lo a negociar limites nucleares mais rígidos e outras concessões de segurança, mas não
conseguiram encontrar maneiras de permitir que o Irã as evite.

"Ninguém quer uma guerra. Tenho notado que todos estão dizendo que não querem ir para o topo da escalada. Nem o presidente (iraniano Hassan) Rouhani, nem o presidente Trump ou
outros líderes do Golfo. Mas aqui há elementos de guerra. A escalada é preocupantes", disse Le Drian.

Num comunicado conjunto, Alemanha, França e Reino Unido pediram que a escalada de tensões seja contida e que o diálogo seja retomado.

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No último dia 1º de julho, o Irã informou ter ultrapassado o limite de material atômico armazenado no país estabelecido pelo acordo nuclear de 2015, o qual Trump decidiu deixar.
O documento limita o estoque de urânio a 300 quilos com o objetivo de impedir que país persa tenha urânio suficiente para produzir combustível para uma bomba atômica .

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