Ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner se disse vítima de ataques por parte do atual governo, de Mauricio Macri
José Cruz/Agência Brasil - 16.7.2014
Ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner se disse vítima de ataques por parte do atual governo, de Mauricio Macri

A Polícia Federal da Argentina (PFA) realizou nesta quinta-feira (23) uma revista no apartamento da ex-presidente Cristina Kirchner , em Buenos Aires, A ex-presidente é investigada pelo suposto recebimento de subornos milionários de empresários.

Os agentes entraram no edifício em que a atual senadora Cristina Kirchner reside na capital - no bairro de Recoleta -, embora o juiz Claudio Bonadio tenha também solicitado revistas em suas duas casas em Río Gallegos e El Calafate. O local ficou repleto de jornalistas e seguidores da ex-governante.

Na quarta-feira (22), o Senado argentino autorizou, por unanimidade, a busca judicial em três residências da ex-presidente. O pedido foi feito há duas semanas por Bonadio, que investiga o chamado Escândalo dos Cadernos da Corrupção, envolvendo ex-funcionários do governo e empresários, comparado à operação Lava-Jato, no Brasil.

"O que estão fazendo é assediá-la. Uma revista dificilmente é avisada com tantos meses", apontou Gregorio Dalbón, um dos advogados de Kirchner, em entrevista à imprensa.

Kirchner, primeira mulher eleita e reeleita presidente da Argentina , sucedeu o marido e ex-presidente Nestor Kirchner (2003-2007). Juntos, eles governaram o país durante 12 anos. Desde que ela deixou o poder, em 2015,  entrou na mira da Justiça e já está respondendo a vários processos, a maioria deles por corrupção. Mas como é senadora, tem imunidade parlamentar.

Bonadio pediu a retirada do foro privilegiado de Kirchner e a sua detenção, além da autorização para realizar buscas em suas propriedades. Ele tem o apoio das bancadas governistas, mas o governo do presidente Mauricio Macri não tem maioria no Congresso. Os senadores oposicionistas só deram quórum para a votação de quarta-feira, depois de terem recebido, na véspera, uma carta da própria ex-presidente, aceitando a busca.

Na terça-feira (21) à noite, milhares de argentinos, convocados pelo governo, realizaram uma marcha contra a corrupção . Pediam a retirada do foro privilegiado de Kirchner e cadeia para a ex-presidente.

Em discurso, a ex-presidente disse ser vítima de perseguição politica e questionou a autenticidade dos Cadernos da Corrupção. Trata-se de oito cadernos, usados por um ex-motorista do Ministério do Planejamento, para anotar todas as viagens feitas por ele ao longo de dez anos, para entregar sacolas com milhares de dólares - supostamente propinas pagas por empresários e ex-funcionários do governo, para obter concessões de obras públicas.

Os cadernos desencadearam uma série de buscas e prisão de ex-funcionários do governo de Cristina Kirchner e mais de 20 empresários, muitos dos quais estão fazendo delação premiada.

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