Itália e Malta negaram entrada de refugiados africanos a bordo do Aquarius
Divulgação/Twitter/MSF Sea
Itália e Malta negaram entrada de refugiados africanos a bordo do Aquarius

O novo primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, emitiu a permissão para que uma embarcação de resgate com 629 refugiados africanos seja atracada no porto de Valência, além de afirmar que o país “dará as boas-vindas” a todos que estiverem a bordo. Anteriormente, o governo italiano negou a chegada do mesmo barco em seu litoral.

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De acordo com o jornal The Guardian , a embarcação saiu da Líbia nesse fim de semana, seguindo em direção à Itália, mas teve de dar retorno depois do ministro de extrema-direita Matteo Salvini negar receber os refugiados , dizendo ainda que “deveriam seguir para Malta”.  Porém, o governo de Malta, país insular ao sul da Europa, também negou receber imigrantes em seu território, justificando que “não tinha nada a fazer com a missão de resgate”.

Assim, nesta segunda-feira (11), o gabinete de Sánchez emitiu uma nota afirmando que “o premiê deu instruções para que a Espanha possa cumprir seus compromissos internacionais de crise humanitária e anunciou que o Aquário será recebido em um porto espanhol”. “É nossa responsabilidade evitar catástrofes humanitárias e oferecer abrigo seguro àquelas pessoas de acordo com as leis internacionais”, escreveu.

Depois do anúncio, os governos da Itália e de Malta agradeceram ao primeiro-ministro espanhol por receber o barco de resgate Aquarius no porto de Valência. A embarcação estaria a mais de 1,4 mil quilômetros do porto da cidade espanhola.

Segundo informações do Aquarius , ainda não foram emitidas instruções para atracar na Espanha. Anteriormente, a agência para refugiados das Nações Unidas (Acnur) afirmou que 629 pessoas estão a bordo, incluindo mais de 100 crianças.

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“As pessoas estão cansadas e estressadas, os alimentos e a água estão acabando, então precisam de ajuda urgente. Problemas de fronteiras entre os Estados – tais como quem é responsável e como essas responsabilidades podem ser mais bem divididas – podem ser discutidas depois”, defendeu o enviado especial da ONU para o centro do Mediterrâneo, Vincente Cochetel.

“Salvar vidas é um dever, mas transformar a Itália em um campo de refugiados não é”, defendeu o ministro italiano
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“Salvar vidas é um dever, mas transformar a Itália em um campo de refugiados não é”, defendeu o ministro italiano

A comissão europeia, na tentativa de evitar alimentar a nova narrativa anti-União Europeia defendida pelo governo italiano, adotou uma linha de discurso mais suave, conclamando a Itália e Malta a considerarem as necessidades humanitárias das pessoas a bordo, e insistindo que o assunto estava fora de controle.

“Chega!”, disse Salvini nesta segunda-feira. “Salvar vidas é um dever, mas transformar a Itália em um enorme campo de refugiados não é”, defendeu o ministro do Interior italiano.

Itália e Malta negaram entrada de refugiados do Aquarius

Nesse domingo, Salvini disse que todos os portos italianos estavam fechados para o Aquarius. “Malta não recebe ninguém. A França empurra pessoas para fora das fronteiras, a Espanha se defende com armas. A partir de hoje, a Itália também irá começar a dizer não para o tráfego humano, não para a imigração ilegal”, escreveu em sua página do Facebook.

O ministro ainda defendeu que o barco deveria atracar na capital de Malta, Valletta. Mas o governo deste rejeitou o pedido, dizendo que a lei internacional exigia que os migrantes fossem levados para portos italianos.

Rejeitada pela Itália e por Malta, embarcação com 629 refugiados irá para Espanha a convite de premiê
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Rejeitada pela Itália e por Malta, embarcação com 629 refugiados irá para Espanha a convite de premiê

Após a decisão de Sánchez, o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, agradeceu no Twitter à Espanha por se oferecer a receber o Aquário “depois de a Itália quebrar regras internacionais e causar um impasse”. Ele disse que seu país estaria "enviando suprimentos frescos para o navio. Teremos que nos sentar e discutir como evitar que isso aconteça novamente. Esta é uma questão europeia. ”  

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Mais de 600 mil pessoas chegaram à Itália da África através do mar nos últimos cinco anos, e estimam-se que cerca de 500 mil ainda permanecem no país. A Liga de Salvini, anteriormente chamada Liga do Norte, fez campanha anti-imigração nas últimas eleições, embora o governo anterior tenha apontado queda nos números relacionados à imigração da Líbia nos últimos 12 meses.

O grupo humanitário SOS Méditerranée, que opera o Aquarius, disse que os refugiados a bordo, que são principalmente da África Subsaariana, foram apanhados em seis diferentes operações de resgate na costa e inclui centenas de pessoas resgatadas no mar por unidades navais italianas.

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