Na opinião do cardeal, declarações como a do papa Francisco podem desencorajar novas denúncias de pedofilia
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Na opinião do cardeal, declarações como a do papa Francisco podem desencorajar novas denúncias de pedofilia

O cardeal norte-americano Sean O'Malley, presidente da comissão criada pelo papa Francisco para combater a pedofilia na Igreja Católica , criticou a defesa pública, por parte do pontífice, de um bispo chileno acusado de acobertar casos de abuso sexual em uma igreja sob sua jurisdição.

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O'Malley, 73 anos, é um dos membros mais importantes da Igreja. Arcebispo de Boston e integrante da comissão de cardeais responsável pela reforma da Cúria Romana, ele é presidente da Comissão para a Proteção dos Menores, órgão instituído pelo papa Francisco para combater a pedofilia na Igreja.

Em visita ao Chile na última semana, o líder católico defendeu do bispo de Osorno, Juan Barros, acusado por sua comunidade de acober casos de pedofilia envolvendo o padre Fernando Karadima. Nos dias em que o papa esteve no país, fiéis da diocese exigiram em uma carta endereçada a Francisco a remoção de Barros.

"Quando me apresentarem provas contra o bispo Barros, aí veremos. Não há uma única evidência contra ele. Isso é calúnia, está claro?", disse o papa na ocasião. A declaração irritou as vítimas de Karadima, mas também provocou incômodo no ambiente da Igreja.

O cardeal O'Malley, por meio de uma nota, afirmou que é "compreensível" que as palavras do Papa tenham gerado "grande desprazer" para as vítimas de abusos sexuais . Em sua opinião, declarações como essa podem desencorajar novas denúncias de pedofilia.

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"Palavras que passam a mensagem 'se você não pode provar suas denúncias, então não terá credibilidade' abandonam aqueles que sofreram violações repreensíveis de sua dignidade humana e relegam os sobreviventes a um exílio desacreditado", disse.

O'Malley ainda fez um alerta: "Não podemos nunca subestimar o sofrimento que [as vítimas] enfrentaram ou curar totalmente sua dor".

O cardeal, contudo, ressalva que não pode explicar as palavras escolhidas por Jorge Bergoglio. "O que sei é que o papa Francisco reconhece os enormes fracassos da Igreja e do clero que abusaram de crianças e o impacto devastador que esses crimes tiveram sobre as vítimas", escreveu.

*Com informações da Ansa

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