Congresso do Peru rejeita impeachment de presidente por vínculos com a Odebrecht

Kuczynski pediu aos congressistas que 'salvassem a democracia' e que rejeitassem pedido de cassação, negando que tenha favorecido a construtora

Pedro Pablo Kuczynski é acusado de ser 'incapacidade moralmente' pelos seus vínculos com a construtora Odebrecht
Foto: Reprodução/Twitter
Pedro Pablo Kuczynski é acusado de ser 'incapacidade moralmente' pelos seus vínculos com a construtora Odebrecht

O Congresso do Peru rejeitou, na noite desta quinta-feira (21), o pedido de impeachment apresentado pela oposição contra o presidente Pedro Pablo Kuczynski, acusado de receber propina nos anos 2000 da construtora brasileira Odebrecht.

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Kuczynski foi acusado de ter 'incapacidade moral' de continuar no governo do país, devido aos seus vínculos com a Odebrecht . O pedido de cassação foi recebido em 15 de dezembro, após revelações de que uma empresa de consultoria do mandatário teria embolsado pagamentos irregulares feitos pela empreiteira.

Ao todo, 27 de um total de 130 membros do Congresso tinham apoiado a abertura do processo de impeachment, em uma sessão especial. O presidente, de 79 anos de idade, sempre negou as acusações.

Nesta noite, após uma sessão que durou mais de 13 horas o pedido de cassação teve 79 votos a favor. Para ser aprovado, ele precisaria de apoio mínimo de 87 dos 130 legisladores.

Na decisão final, os legisladores do bloco de esquerda Novo Peru tiveram papel fundamental. Eles se retiraram antes da votação e exibiram cartazes que diziam: "Nem golpismo, nem lobismo".

Também houve a surpreendente abstenção de 10 legisladores do partido fujimorista Força Popular, que domina o Congresso e tinha anunciado uma votação em bloco a favor da cassação.

'Salvar a democracia'

Kuczynski pediu aos congressistas que salvassem a democracia e rejeitassem o pedido de  impeachment .

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"Não está em jogo a minha permanência no cargo, está em jogo a estabilidade democrática. Não apoiem uma vacância sem sustentação, porque o povo não esquece, nem perdoa", afirmou o presidente.

"Sou um homem honesto, jamais recebi uma propina, um suborno, que tenha distorcido a minha vontade. Nem minha empresa, nem eu fomos contratados pelo governo, jamais incorri em conflito de interesses", frisou.

Crise no Peru

Na semana passada, a Odebrecht revelou que pagara cerca de US$ 4,8 milhões, há uma década, à empresa de consultoria Westfield Capital. O serviço de consultoria foi prestado entre os anos de 2004 e 2007 para um projeto de irrigação no Peru. Kuczynski reiterou que é proprietário da Westfield Capital desde 1992, e que, quando foi ministro do governo de Alejandro Toledo (2001-2006), essa companhia era administrada por seu ex-sócio Gerardo Sepúlveda.

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* Com informações da Agência Ansa.