May e prefeito de Londres criticam Trump por publicação de vídeos antimulçumanos

Em resposta à primeira ministra do Reino Unido, presidente dos EUA pede que May 'preocupe-se com o terrorismo de seu país'; entenda a polêmica

Donald Trump é criticado por autoridades britânicas por retuitar vídeo de grupo extremista britânico que ofende mulçumanos
Foto: Reprodução/The Boston Globe
Donald Trump é criticado por autoridades britânicas por retuitar vídeo de grupo extremista britânico que ofende mulçumanos

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, classificou novamente a atitude de Donald Trump de quarta-feira (29) como um erro. Ontem, o presidente dos Estados Unidos compartilhou, em sua conta do Twitter, vídeos considerados antimulçumanos , publicados originalmente pelo partido minoritário de extrema-direita “Britain First” (Reino Unido em primeiro lugar, em português) e já havia sido criticado por um porta-voz de May pela atitude.

“Retuitar o Britain First foi um equívoco”, afirmou a líder do Reino Unido respondendo à perguntas sobre o comportamento de Trump  quando participava de uma coletiva de imprensa em Amã, capital da Jordânia, onde fez uma escala em sua viagem pelo Oriente Médio.

Em resposta, o líder dos Estados Unidos pediu que May se preocupasse com os problemas de seu país. “ Theresa May , não se preocupe comigo, preocupe-se com o terrorismo destrutivo e radical islâmico dentro do Reino Unido. Nós estamos bem!”, declarou ele em sua conta em uma rede social.

A primeira ministra também havia dito que apesar dos acontecimentos, a relação entre os EUA e Reino Unido “devem permanecer”, lembrando da parceria de longo prazo entre as nações.

Em viagem oficial pelo Iraque, Arábia Saudita e Jordânia, um dos assuntos discutidos foi o terrorismo e May comentou sobre o trabalho que está fazendo ao lado dos EUA para resistir à ameaça do terrorismo.

No entanto, ela foi firme ao dizer que “o fato de que trabalhamos juntos não significa que temos medo de dizer quando os Estados Unidos estão errados e sou muito clara: retuitar o Britain First foi um ato equivocado”.

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Presença de Trump não é bem-vinda

O prefeito de Londres, Sadiq Khan, que é mulçumano, solicitou nesta quinta-feira (30) que May suspenda qualquer convite de visita de estado ao presidente dos EUA. “Após esse último incidente, está incrivelmente claro que qualquer visita oficial do presidente Trump à Grã Bretanha não será bem-vinda”, afirmou Khan em nota oficial.

"A primeira-ministra do nosso país deveria estar usando qualquer influência que ela e seu governo dizem ter com o presidente [Trump] e sua administração para pedir que ele delete os tuítes e se desculpe com o povo britânico", ressaltou em comunicado.

Vídeos

Três vídeos foram divulgados pelo presidente americano, que replicou a publicação de Jayda Fransen, líder do Britain First, detida em Londres por disseminar discursos de ódio.

Em uma das gravações, um suposto imigrante islâmico agride com chutes e socos um jovem de muletas, que seria natural da Holanda. A pessoa que está gravando é, supostamente, outro jovem, que filma a cena de agressão e faz comentários durante 35 segundos.

Em outro vídeo retuitado por Trump, um homem, que parece ser mulçumano , quebra violentamente uma imagem da Virgem Maria, atirando-a contra o chão, enquanto ele sorri e olha para a câmera. Outro homem está ao seu lado.

Um terceiro vídeo captura o momento em que um suposto grupo mulçumano espanca um rapaz em um telhado de um prédio. De acordo com o Britain First, o jovem apanha até a morte. Então, ele é jogado do alto do edifício e o momento é registrado pela câmera. Um dos agressores parece estar com a bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico.

O conteúdo, compartilhado pelo líder da Casa Branca com seus 44 milhões de seguidores do Twitter, porém, não revela a identidade dos agressores, e não há confirmação oficial sobre a veracidade das imagens.

Enquanto candidato à presidência americana, Trump falou sobre “veto a mulçumanos”, e já como presidente, ele proibiu a entrada de alguns imigrantes mulçumanos, mas tribunais impediram a decisão parcialmente.

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