Mulheres da Fuzilaria Naval dos Estados Unidos tiveram fotografias e dados pessoais divulgados sem seu consentimento
Divulgação/Marine Corps
Mulheres da Fuzilaria Naval dos Estados Unidos tiveram fotografias e dados pessoais divulgados sem seu consentimento

O Departamento de Defesa dos Estados Unidos está investigando centenas de Fuzileiros Navais do país que usam as redes sociais para compartilhar milhares de fotografias de colegas oficiais nuas, sejam em serviço ou veteranas. O caso repercurtiu na imprensa internacional e gerou polêmica dentro e fora da corporação.

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Desde o último dia 30 de janeiro, mais de 20 mulheres militares tiveram seus nomes completos, hierarquia e base militar divulgados junto às fotografias em que aparecem nuas em um grupo privado do Facebook com mais de 30 mil membros. Entre os motivos de revolta pelo caso é de que o assédio às oficiais acontece menos de um mês depois que os Fuzileiros Navais receberem a primeira infantaria de mulheres na história dos Estados Unidos, que aconteceu na primeira semana de janeiro.

Desse modo, expõe os problemas constantes de assédio sexual já relatados dentro das Forças Militares que, inclusive, prejudica o recrutamento delas.

'Leva para o canto e a estupre'

Em um dos casos, uma das fuzileiras aparece vestida em seu uniforme, sendo fotografada enquanto pegava um equipamento de trabalho. Para conseguir a imagem, um de seus companheiros teria a seguido em Camp Lejeune, na Carolina do Norte.

Esta e outras milhares de fotos foram publicadas no grupo “Marines United”, que tem quase 30 mil membros, e foram recebidas com comentários obscenos. Na página, um homem chega a sugerir que o fotógrafo deveria “levá-la para um canto e meter nela [ sic ]”, enquanto outros afirmam que "sexo vaginal não seria suficiente". "[Coloque] na bunda. E na garganta. E nas orelhas. As duas. Mas filma... em nome da ciência”, escreveram.

A militar em questão só soube que foi seguida depois que o caso veio à tona, mas acredita lembrar quem foi o homem que a fotografou em Camp Lejeune. “Ele estava perto o suficiente para sentir o cheiro do meu perfume. Essa situação vai me perseguir, assim como ele fez”, disse em anonimato.

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As contas responsáveis pelo compartilhamento foram excluídas das redes sociais. Segundo os responsáveis, o caso está sendo investigado formalmente. Entretanto, a medida não foi completamente efetiva, já que, duas semanas após tais medidas serem tomadas, novas fotos foram compartilhadas. O responsável foi dispensado do serviço.

Repercussão interna

Para lidar com a situação, os Fuzileiros Navais disponibilizaram um guia de comunicação e relações públicas, que lista recursos disponíveis às vítimas, inclusive um site onde podem reportar crimes. O guia também as prepara para outro cenário possível: reações negativas vindas de outros militares (e a culpabilidade apontada para as vítimas do assédio). 

“A história provavelmente vai gerar compartilhamentos e discussões nas redes sociais, oferecendo espaço para fuzileiros e ex-fuzileiros culparem a vítima. Por exemplo, 'ela não devia ter tirado a foto em primeiro lugar', ou reclamações de que a corporação está se tornando muito sensível ou politicamente correta”, apontou o guia.

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O site “The War Horse” entrou em contato com cinco das vítimas. Algumas delas temem ter sido hackeadas ou roubadas para a obtenção dessas imagens. Uma delas contou que um colega de trabalho a alertou sobre o compartilhamento de fotografias suas.

O psiquiatra e fundador da Sociedade Internacional de Estudos do Estresse Traumático, doutor Frank Ochberg, afirma que a distribuição de fotografias sem o consentimento das mulheres apresenta uma ameaça à saúde mental. “Prejudica o ideal de fraternidade e sororidade e a capacidade de contar com outras pessoas”, explicou.

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