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Cerimônia de encerramento foi marcada por protesto do cineasta iraniano Mohsen Makhmalbaf, que recebeu Prêmio Humanidade

Divulgação
"Respirar", do austríaco Karl Markovics
O drama "Respirar", do austríaco Karl Markovics, foi escolhido o melhor longa de ficção pelo júri da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 2011 . Representante da Áustria para o próximo Oscar, o filme sobre um jovem deliquente é o primeiro trabalho na direção de Markovics, protagonista de "Os Falsários", justamente premiado pela Academia de Hollywood há quatro anos na categoria de filme estrangeiro.

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O júri formado pelo canadense Atom Egoyan , o brasileiro Jorge Furtado, o francês Frédéric Boyer, o cineasta africano Mahamat Saleh Haroun e pela roteirista francesa Elisabeth Perceval ainda deu o prêmio de melhor atriz para Alina Levshin, do alemão "Combat Girls", e de melhor ator para Theódór Júlíusson, de "Vulcão", da Islândia. Já o júri de documentários, representado por Lúcia Murat e Jean-Claude Lamy, elegeu por unanimidade o indiano "Marathon Boy".

O prêmio Humanidade, rebatizado este ano para Leon Cakoff, em função da morte do fundador do evento , foi entregue por Renata de Almeida, sua viúva, a Egoyan, diretor de um dos curtas do longa de episódios "Mundo Invisível" . Segundo Renata, muito aplaudida ao subir ao palco, o troféu é entregue anualmente a diretores que "contribuem para enriquecer o cinema do mundo".

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Responsável por filmes como "Exotica" e "O Doce Amanhã", Egoyan, de origem armênia como Cakoff, lamentou nunca antes ter conseguido vir ao Brasil, apesar de ter recebido o primeiro convite há 25 anos. "É de que partir o coração, no ano que venho, Leon não estar mais aqui", lamentou, afirmando que foi graças a ele que seus primeiros filmes puderam ser vistos pelo público brasileiro.

Walter Salles e Mohsen Makhmalbaf: Irã vive situação
Aline Arruda/Agência Foto
Walter Salles e Mohsen Makhmalbaf: Irã vive situação "pior que Caça às Bruxas"
É a mesma situação, mas de forma muito mais radical, do iraniano Mohsen Makhmalbaf ("A Caminho de Kandahar", "Salve o Cinema"), também laureado com o Prêmio Humanidade, entregue por Walter Salles – os dois se conheceram em um júri da Mostra, quando "O Balão Branco", do também iraniano Jafar Panahi , saiu vencedor. Cakoff foi responsável por introduzir no Brasil o cinema iraniano antes dos filmes do país árabe estourarem no circuito internacional de festivais.

Depois de participar de uma conferência em Porto Alegre, Makhmalbaf veio a São Paulo exibir o longa "Os Dias Verdes", dirigido por sua filha, Hana, sobre as manifestações que se seguiram à reeleição de Mahmoud Ahmadinejad em 2009.

Makhmalbaf tem colhido assinaturas de profissionais do audiovisual brasileiro para pressionar o governo Dilma Rousseff a tomar uma posição contra os atentados à liberdade de expressão no Irã – de acordo com o cineasta, só nas últimas semanas 50 diretores e documentaristas foram presos pelo regime iraniano ou açoitados por tentar filmar no país.

"Peço ao governo do Brasil que não vote na ONU junto com o Irã, um país que desrespeita os direitos humanos", disse, além de pedir permissão para entregar o troféu a seu assistente de direção, preso em Teerã. "Já ouviram falar do macartismo? Hoje, no Irã, a situação é muito pior do que foi a Caça às Bruxas."

Veja o especial da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

A noite ainda contou com a entrega do Prêmio Itamaraty, dedicado apenas a produções brasileiras. Os vencedores foram o longa de ficção "Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios" , de Beto Brant e Renato Ciasca; o documentário "Raul – O início, o fim e o meio" , de Walter Carvalho, também ganhador do prêmio do público; e o curta "Cine Camelô", de Clarissa Knoll.

O Itamaraty ainda concedeu uma distinção pelo conjunto da obra ao diretor Hector Babenco, um "brasileiro com olhar estrangeiro para conseguir falar dos problemas do país". Sem saber ao
certo o que estava ganhando, Babenco ressaltou que sua obra "não acabou ainda". Além disso, lembrou que seu filme "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia", de 77, foi o melhor filme segundo o público na primeira edição da Mostra.

Na categoria dos melhores conforme o júri popular, houve dois empates: "Raul" em documentário nacional com "Vai-Vai: 80 Anos nas Ruas", e "Frango com Ameixas" dividiu o prêmio de melhor longa estrangeiro com "Desapego". "Teus Olhos Meus", de Caio Sóh, foi o melhor longa brasileiro e "Batidas, Rimas & Vida: As Viagens de A Tribe Called Quest", melhor documentário internacional.

Veja abaixo a lista completa de premiados da Mostra de São Paulo 2011.

Troféu Bandeira Paulista 2011
Prêmio do júri - melhor filme: "Respirar", de Karl Markovics (Áustria)
Prêmio do júri - melhor documentário: "Marathon Boy", de Gemma Atwal (Índia)
Prêmio do júri - melhor atriz: Alina Levshin, por "Combat Girls" (Alemanha)
Prêmio do júri - melhor ator: Theódór Júlíusson, por "Vulcão" (Islândia)
Prêmio Especial da Crítica: "Sábado Inocente", de Alexander Mindadze (Rússia)
Grande Prêmio da Crítica: "Era Uma Vez na Anatólia", de Nuri Bilge Ceylan (Turquia)
Prêmio do público - melhor documentário brasileiro: "Raul - O início, o fim e o meio" e "Vai-Vai: 80 Anos nas Ruas"
Prêmio do público - melhor longa de ficção brasileiro: "Teus Olhos Meus", de Caio Sóh
Prêmio do público - melhor documentário internacional: "Batidas, Rimas & Vida: As Viagens de A Tribe Called Quest", de Michael Rapaport (EUA)
Prêmio do público - melhor longa de ficção internacional: "Frango com Ameixas" (França) e "Desapego" (EUA)
Prêmio da juventude: "Uma Incrível Aventura", de Debs Gardner-Paterson (África do Sul)

Prêmio Itamaraty
Prêmio Aquisição Canal Brasil - melhor curta-metragem: "A Casa da Vó Neyde", de Caio Cavechini
Melhor curta-metragem (R$ 15 mil): "Cine Camelô", de Clarissa Knoll
Melhor documentário (R$ 30 mil): "Raul - O início, o fim e o meio"
Melhor longa de ficção (R$ 45 mil): "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios", de Beto Brant e Renato Ciasca