Especialistas, o Ministério da Saúde e até a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomendam às mulheres que querem engravidar que façam isso após o período de maior circulação do mosquito Aedes aegypti. Esta seria uma forma de evitar os casos de microcefalia relacionados à doença, entretanto, pesquisa aponta que a venda de contraceptivos não aumentou no País.
O levantamento foi feito pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e divulgado na revista especializada Human Reproduction. Luis Guillermo Bahamondes, coordenador da pesquisa, acredita que o resultado estaria mais ligado à dificuldade de acesso aos métodos contraceptivos, principalmente na rede pública, do que à falta de interesse em evitar a gestação.
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O especialista da Clínica de Planejamento Familiar do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp explica que, para conseguir uma cartela de pílula em uma UBS (Unidade Básica de Saúde), por exemplo, antes é preciso esperar três ou quatro meses por uma consulta médica. Além disso, comprar o medicamento não é possível para muitas. Já no caso do DIU (Dispositivo intrauterino) com cobre, que é coberto pelo SUS (Sistema único de Saúde), muitas vezes faltam profissionais para coloca-lo.
Estudo
As pílulas, os adesivos hormonais e os anéis vaginais são os mais consumidos no País. Só a pílula corresponde a mais de 90% das vendas. Se em setembro de 2014, antes da epidemia do zika vírus estourar, a venda ficava em torno de 13,4 milhões de unidades, manteve-se praticamente estável até agosto de 2016.
Já as vendas de anticoncepcionais injetáveis tiveram até uma leve queda: passou de 1,4 milhão de unidades para 1,3 milhão. Em contrapartida, a comercialização da pílula do dia seguinte apresentou uma pequena alta: de aproximadamente 1,2 milhão de unidades vendidas para 1,4 milhão. Os métodos considerados de longa duração, como o DIU e o implante hormonal, também tiveram maior procura: de 38,6 mil para 39,4 mil.
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Foram avaliados dados fornecidos pela indústria farmacêutica sobre a venda de produtos contraceptivos entre setembro de 2014, um ano antes da confirmação do primeiro caso de microcefalia associado à zika, e agosto de 2016. Os números refletem as unidades que foram vendidas pelas distribuidoras ao setor público, aos pontos de venda ou de dispensação.
Não foram avaliados os números de venda da camisinha porque, segundo os autores do levantamento, o produto também é usado na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, e não apenas como método contraceptivo.