Obra do Memorial da Anistia Política do Brasil foi financiada pelo Ministério da Justiça e executada pela UFMG (foto)
Divulgação/UFMG
Obra do Memorial da Anistia Política do Brasil foi financiada pelo Ministério da Justiça e executada pela UFMG (foto)

O reitor e a vice-reitora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram conduzidos coercitivamente, na manhã desta quarta-feira (6), à sede da Polícia Federal, em Minas, para prestar depoimento. Além desses, outros 17 mandados judiciais estão sendo cumpridos: 11 de busca e apreensão e outros seis de condução.

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A operação, que foi batizada como Esperança Equilibrista, conta com o apoio de 84 policiais, 15 auditores da Controladoria-Geral da União e dois do Tribunal de Contas da União. Ela apura a não execução e o desvio de recursos públicos destinados à construção do Memorial da Anistia Política do Brasil, financiado pelo Ministério da Justiça e executado pela UFMG

Idealizada em 2008, a fim de preservar e difundir a memória política dos períodos de repressão, a obra seria feita a partir da reforma do Coleginho, localizado no bairro de Santo Antônio, em Belo Horizonte. Nele seria instalada uma exposição de longa duração, com obras e materiais históricos. Estava prevista também a contrução de dois prédios anexos e uma praça de convivência.

Segundo as informações apuradas pela polícia, mais de R$ 19 milhões já teriam sido gastos na construção e em pesquisas de conteúdo para a exposição do Memorial da Anistia . No entanto, até o momento, apenas a obra referente a um dos prédios estaria sendo feita e, mesmo assim, estaria inacabada.

Ainda segundo os investigadores, quase R$ 4 milhões teriam sido desviados por meio de fraudes em pagamentos feitos pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), que foi contratada para fazer os estudos de conteúdo e a produção de material para a exposição.

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Os desvios já identificados ocorreram por meio do pagamento a fornecedores sem relação com o escopo do projeto e de bolsas de estágio e de extensão. Em nota, a PF informa haver a expectativa de que o montante desviado seja ainda maior, a partir das análises que serão feitas nos materiais apreendidos e dos interrogatórios a serem feitos com os suspeitos de envolvimento no caso.

Por meio de nota, a universidade afirmou que "não pode se manifestar sobre os fatos que motivam a investigação em curso" por se tratar de uma investigação que corre em sigilo. Mas informou que "contribuirá, como é sua tradição, para a correta, rápida e efetiva apuração do caso específico". 

Reações

Ainda na tarde desta quarta, a comunidade universitária se reuniu no campus da Pampulha, no norte de Belo Horizonte, para protestar contra o que chamaram de “violência” e “brutalidade”, fazendo paralelo com a repressão da Ditatura Militar.

“Tenho certeza de que a UFMG vai responder a essa ação com altivez e serenidade, agindo com relação à Justiça com o respeito que não tiveram conosco”, afirmou a ex-reitora Ana Lúcia Gazzolla, não investigada.

“Contra essa situação de exceção, temos que ser o exemplo de construção democrática”, disse Clélio Campolina, também ex-reitor (2010-2014), não investigado, se referindo às críticas de que operações contra a corrupção poderiam fazer de tudo, inclusive utilizar da truculência.

Hino dos anistiados dá nome à operação

O nome da operação Esperança Equilibrista, que envolve a UFMG foi inspirado no trecho da música O Bêbado e o Equilibrista , de João Bosco e Aldir Blanc, que é considerada o hino dos anistiados.

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* Com informações da Agência Brasil.

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