Hoje, escolas buscam deixar crianças alfabetizadas no final do 3º ano do ensino fundamental; veja todas as diretrizes
RODRIGO CLEMENTE - 14.6.2007
Hoje, escolas buscam deixar crianças alfabetizadas no final do 3º ano do ensino fundamental; veja todas as diretrizes

As crianças serão alfabetizadas mais cedo, terão aulas de inglês e deverão exercitar a empatia, o diálogo e o respeito à diversidade em todas as escolas brasileiras. Essas são algumas das definições apresentadas nesta quinta-feira (6), pelo Ministério da Educação (MEC), na terceira e última versão da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) .

De acordo com o documento – que foi apresentado com atraso, já que deveria ser homologado em junho de 2016 – até o 2º ano do ensino fundamental, geralmente aos 7 anos, os alunos já deverão ser capazes de ler e escrever. Além disso, aprenderão conteúdos de estatística e probabilidade, completando portanto o processo de alfabetização. Hoje, as escolas procuram deixar as crianças alfabetizadas no final do 3º ano do ensino fundamental.

De acordo com o estabelecido pela BNCC, na educação infantil, que vai até os 5 anos, será desenvolvida nos alunos a "oralidade e a escrita". O conteúdo começa a ser introduzido aos poucos. Até 1 ano e 6 meses, as creches deverão garantir, por exemplo, que as crianças reconheçam quando são chamadas pelo nome ou demonstrem interesse ao ouvir a leitura de poemas e a apresentação de músicas.

Aos 7 anos, no 2º ano do ensino fundamental, as escolas deverão garantir que os estudantes saibam escrever bilhetes e cartas, em meio impresso e digital - e-mail, mensagem em rede social. Devem também ler, com autonomia e fluência, textos curtos, com nível adequado, silenciosamente e em voz alta.

A matemática também deverá estar presente na formação desde cedo. Até os 7 anos, os estudantes terão acesso a conteúdos de probabilidade e estatística. Saberão, por exemplo, coletar, classificar e representar dados em tabelas simples e em gráficos de colunas, além de classificar eventos cotidianos como pouco ou muito prováveis, improváveis e impossíveis.

"Estamos alinhando o Brasil a outros países e ao próprio setor privado do país. Não queremos que a criança da escola pública não tenha o mesmo direito hoje da criança de escola privada", diz a secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, que presidiu, nos últimos meses, o comitê responsável pela finalização da base.

A BNCC, em si, não é um currículo obrigatório, mas um documento que contém os objetivos de aprendizagem esperados para os estudantes de todas as escolas, em cada ano escolar.

A ideia é que todos os alunos – sejam de escola pública ou particular – tenham a mesma base de conhecimento em cada uma das etapas da formação acadêmica. Será a partir desse documento que todas as escolas brasileiras vão definir seus próprios currículos. 

Empatia, inglês e história

A BNCC também determina que o ensino da história mundial e brasileira seja feito de maneira cronológica. Além disso, o inglês passa a ser a língua estrangeira obrigatória para todas as escolas brasileiras, sendo lecionado a partir do 6º ano do ensino fundamental. As escolas que quiserem lecionar, além dessa, outras línguas estrangeiras ou antecipar o aprendizado da língua inglesa têm total liberdade para tanto. 

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Além disso, a Base estipula também dez competências que os alunos devem trabalhar no decorrer desua formação. A maneira como elas serão trabalhadas vai variar de acordo com o escolhido por cada escola particular ou por cada município ou estado, no caso das escolas públicas. 

Tais competências envolvem o desenvolvimento do senso estético para manifestações artísticas e culturais; o exercício da curiosidade intelectual para formular e resolver problemas; e a valorização dos conhecimentos sobre o mundo físico, social e cultural.

Além disso, os estudantes devem ser aptos a utilizar conhecimentos de diferentes linguagens para se comunicar; saber utilizar tecnologias digitais de comunicação e informação de forma crítica, reflexiva e ética; argumentar adequadamente; e saber ser agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação.

Por fim, os estudantes devem ser estimulados a cuidar de sua saúde física e emocional, e exercitar a empatia e o respeito ao próximo sem preconceitos de qualquer natureza. 

Próximos passos

A expectativa do MEC é que a Base Nacional Comum Curricular chegue às salas de aula efetivamente a partir de 2019. Isso porque é necessário um longo caminho para a implementação, que envolve a formação dos professores, aquisição de livros didáticos e mudanças nas avaliações nacionais feitas pelo própria pasta.

Nesta quinta (5), o MEC entregou a versão final da BNCC ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Esse é um dos últimos passos para que a base passe a vigorar no País. Após análise, o CNE vai elaborar um parecer e um projeto de  resolução e a BNCC volta para o MEC para homologação. Só depois passa a vigorar oficialmente. A partir da BNCC, estados e municípios devem elaborar os próprios currículos.

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A base apresentada nesta quinta-feira refere-se ao ensino infantil e ao ensino fundamental. A parte relativa ao ensino médio ainda está em elaboração e deverá ser apresentada nos próximos meses.

* Com informações da Agência Brasil.

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