‘Obsolescência programada’ é uma expressão muito em voga há algumas décadas para definir um produto feito para durar menos — tornar-se obsoleto, ou não funcional, em pouco tempo, numa estratégia claramente não sustentável. Alfred Sloan, carismático e celebrado presidente da General Motors, a partir da década de 1920, foi o inspirador das modificações anuais de modelos e acessórios, incentivando o proprietário a trocar de carro antes da hora.

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Hoje, a concorrência acirrada e a semelhança entre diversos modelos e marcas acabaram por diminuir a viabilidade da tal obsolescência programada.

Um carro já pode ser considerado commodity, com fornecedores globalizados e as tendências de design convergindo para as mesmas linhas. Exceção feita ao carro elétrico Tesla, do gênio Elon Musk, que veio para mudar tudo na indústria automobilística. 

Esse fato, somado ao desencanto dos jovens por um carro novo, na era do congestionamento e dos serviços alternativos tipo Uber, fez com que ter um carro agora pareça uma coisa meio cafona, ou anacrônica.

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Mas se não existe mais uma mente diabólica projetando obsolescências, em algumas ocasiões identificamos alguns produtos que não são de obsolescência programada, mas apenas (e isso não é pouco), uma jogada de mercado de baixo nível.

Vamos ao caso que inspirou a coluna de hoje: utilizo uma lâmina de barbear Gillette reforçada, mais cara que o Prestobarba, e de melhor desempenho. Manuseando o barbeador, notei que a o cabo tem duas hastes que encaixam na lâmina. “Heureca!”, disse eu, estou bobeando ao comprar o aparelho inteiro a cada vez, em vez de comprar apenas o refil, fácil de encaixar (clic), para uma bela economia.

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Minha surpresa foi chegar à farmácia crente que ia conseguir o refil do Gillette Mach 3 Turbo. O moço da farmácia disse candidamente que não há refil para esse aparelho, embora haja duas ranhuras no cabo para encaixe perfeito da lâmina. No caso, não se trata de obsolescência programada, mas de um verdadeiro passa-moleque para cima do consumidor. 0

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