A  anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 é a pauta do momento. E está no meio de uma disputa entre direita e esquerda, mais especificamente entre Lula e Bolsonaro e seus respectivos apoiadores.

As razões a mover um lado e outro são diferentes. Ou não são? Vejamos. A esquerda, entenda-se Lula e principalmente o PT, querem a condenação de Jair Bolsonaro, inclusive a sua prisão, bem como manter presos os condenados do 8 de janeiro. 

Bolsonaro, e o seu partido, PL, e toda a sua base de apoio, sua militância, quer a inocência do ex-presidente e o perdão (anistia) aos hoje condenados pelo evento do dia 8 de janeiro, tratado por boa parte da imprensa e também pelo STF como uma tentativa de golpe.

Mas ambos confluem num ponto comum: usam o episódio como preparação para 2026. Para a esquerda é vital desidratar a direita e manter o enquadramento de tentativa de golpe, e o envolvimento de tudo e de todos é parte importante dessa estratégia.

Já a direita quer o perdão total a essas pessoas justamente para retomar novo fôlego e chegar em 2026 com sua "turma" animada, coesa, envolvida com as eleições. 

Se Bolsonaro for preso nesse espaço de tempo de hoje até outubro de 2026, não se sabe bem o que pode acontecer. A direita não está unida em torno de um candidato, o próprio ex-presidente quer lançar seu filho como postulante desse campo político em que outros nomes como Caiado, Zema, Tarcísio e até Nicolas Ferreira também buscam o seu espaço.

A esquerda estaria mais confortável, afinal, está no governo, tem a máquina na mão, um candidato único e natural, Lula, e as condenações de seus adversários na justiça. Mas... não se sabe como Lula chegará às eleições, contando, naquele momento, com mais de 80 anos. E seu arco de apoios também é, neste momento, uma incógnita.

Essa anistia, portanto, envolve mais itens e mais consequências do que apenas mandar todos esses condenados para casa com o selo de inocentes.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG