As aplicações vão de cosméticos a materiais para retardar a propagação de chamas
Pesquisadores liderados por Jaime C. Grunlan, da Universidade Texas A&M, nos Estados Unidos, utilizaram uma tecnologia criada originalmente para proteger vigas de aço contra fogo e a aplicaram às roupinhas infantis. Ela torna mais difícil para o algodão pegar fogo e mesmo que isto aconteça, a propagação da chama se torna mais lenta.
O responsável pela façanha é um polímero com uma espessura milhares de vezes mais fino que um fio de cabelo que faz com que possa penetrar profundamente no algodão e parar a chama no momento em que ela nasce. Ao primeiro sinal de fogo, o polímero se expande como uma espuma, criando pequenas bolhas e uma barreira protetora para o material que está abaixo dela.
O uso deste tipo de material, chamado de retardante de chama, em roupas de bebês não é uma novidade, mas há uma preocupação com a toxicidade em relação ao material do qual ele é feito. Com a nanotecnologia, Grunla, além de usar um material menos tóxico, também aumentou a eficiência do processo.
A presença da nanotecnologia no cotidiano humano não é nova. “A tinta nanquim usava nanopartículas de carbono, vulgo, fuligem.”, afirmou ao iG
o professor João Zuffo, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, criador do Laboratório de Sistemas Integrados (LSI), e integrante vitalício da IEEE, maior associação tecnológica do mundo. “Atualmente as pessoas muitas vezes enxergam a nanotecnologia como se ela estivesse presente apenas na microeletrônica. Ela abrange, porém, muitas outras áreas que vão de cosméticos a tintas de parede, passando por tecidos que absorvem suor”, completou ele.
Onde está a nanotecnologia
Diversas aplicações já estão inclusive disponíveis no mercado. Muitos protetores solares usam nanopartículas de óxido de zinco ou titânio para proteger a pele contra os efeitos nocivos dos raios ultravioletas. Cosméticos as usam para levar substâncias até camadas mais profundas da pele. Fabricantes de vidros tornam seu produtos quase auto-limpantes, entre outras tantas aplicações.
Há casos, como o das baterias, em que a nanotecnologia pode trazer ganhos enormes. “Conseguiremos fazer baterias muito mais compactas
, com uma capacidade muito maior de armazenamento de energia para o mesmo volume e muito mais veloz”, afirmou Zuffo.
Na medicina nanopartículas estão sendo estudadas, por exemplo, na luta contra o câncer de pele
, e em pesquisas de novos métodos preventivos contra malária
.
Recentemente a IEEE realizou a Conferência IEEE NANO 2011, em Portland no Oregon, Estados Unidos na qual cientistas de todo mundo se encontraram para colaborar com as novas áreas de estudo da nanotecnologia, apresentar cases e falar de novidades da área.
Uma delas é uma pesquisa que está realizada para regular melhorar a interação entre elétrons e fótons, o que pode gerar células solares fotovoltaicas muito mais eficientes e mais baratas. Além das aplicações diretas em sistemas de captação solar, esses nanomateriais também poderiam ser comercializados no futuro como uma tinta solar para revestir casas e prédios, gerando uma nova forma de captar energia.
A possibilidade de criar todos estes materiais vem de um fato simples: as partículas elementares se comportam de forma diferente na escala nanométrica. Suas propriedades fisico-químicas, mecânicas e ópticas mudam o que permite manipulá-los de forma diferente. “Estamos falando apenas do que conseguimos fazer com a tecnologia existente hoje. Nos próximos anos muita coisa que nem imaginamos ainda vai acontecer”, explicou Zuffo.