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Tigres do Nepal são um dos exemplos de mamíferos que começaram a modificar seus hábitos para não conviver com pessoas


Um estudo publicado nessa quinta-feira (14) na revista Science revelou que algumas espécies de mamíferos estão modificando seus hábitos. De acordo com o New York Times , eles passaram a dormir mais durante o dia só para evitarem o contato com seres humanos.

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Dessa forma, mamíferos como coiotes, tigres e elefantes têm mais energia durante a noite e podem viver sem o ‘incômodo’ da presença humana. “Estamos começando a entender como essas mudanças de comportamento podem afetar todo um ecossistema”, explicou Kaitlyn Gaynor, ecologista da Universidade da Califórnia em Berkeley, que liderou a pesquisa.

Os cientistas compilaram os resultados de 76 estudos sobre 62 espécies de seis continentes, e descobriram que, em média, a perturbação causada por humanos tem feito os animais 1,36 vez mais noturnos. “Um animal que tipicamente realiza suas atividades entre o dia e a noite aumenta sua proporção de atividade noturna para 68% de seus movimentos quando próximo de distúrbios causados por humanos”, explicou.

Este é um movimento contrário ao que aconteceu durante toda a evolução das espécies, já que estima-se que um mamífero costumava ter hábitos noturnos até 65 milhões de anos atrás. Foi neste momento que eles passaram a apresentar comportamentos ativos durante o dia e a noite. Dessa forma, a influência humana pode ter impacto direto na seleção natural.

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Exemplos de mamíferos que mudaram seus hábitos

Nas montanhas do estado americano, por exemplo, coiotes têm dormido muito mais durante o dia por causa de atividades humanas na região. As caminhadas e a presença de ciclistas fazem com que eles saiam para caçar de madrugada, o que também muda quais são as presas capturadas.

A muitos quilômetros de distância da Califórnia, tigres que vivem na base dos Himalaias, no Nepal, começaram a caminhar durante a noite para evitar o encontro com seres humanos que visitam a cordilheira, como explicou o co-autor Neil Carter, especialista em tigres.

A constatação pode parecer alarmante, mas não necessariamente é ruim. “O otimismo em mim diz que existe um caminho para a coexistência aqui e em outros locais desafiadores. O que não sabemos é como isso pode afetar de forma negativa os tigres”, disse Carter.

Isso porque os humanos não precisam demonstrar violência ou comportamento destrutivo para motivar esse tipo de reação nos animais. A simples presença pode já ser o suficiente, como está acontecendo com elefantes em Moçambique, que normalmente comem o que é plantado por pessoas e passaram a evitar as áreas habitadas durante o dia.

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“Trabalhar nesse estudo me lembra que não estamos sozinhos no planeta. Estar atento às formas como nossas atividades moldam o habitat dos animais pode garantir a coexistência”, declarou Gaynor. Pesquisas futuras podem apontar como os hábitos alimentares, reprodutivos e de comportamento dos mamíferos estão sendo afetados pela espécie humana.

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