Camada de ozônio não consegue se recuperar em áreas muito populosas, diz estudo

Após o Protocolo de Montreal, em 1989, a camada tem se recuperado aos poucos. Porém, uma nova pesquisa indicou que, nas regiões da estratosfera inferior, fora das áreas polares, o buraco não consegue se restabelecer

Foto: shutterstock
Essencial para proteger a Terra dos raios UV, a camada de ozônio não tem conseguido se recuperar em certas áreas


Um estudo publicado nesta terça-feira (6) revelou que a recuperação da camada de ozônio, que protege a Terra dos raios ultravioletas, não está acontecendo de forma homogênea. De acordo com o The Guardian , a camada não consegue se recuperar nos locais mais populosos do planeta, como a região equatorial, onde bilhões de pessoas vivem e a incidência solar é alta.

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Desde que os compostos causadores do buraco na camada de ozônio , como os CFCs (clorofluorcarbonetos), foram banidos, em 1989, com o Protocolo de Montreal, a camada tem se recuperado aos poucos. Porém, uma nova pesquisa indicou que, nas regiões da estratosfera inferior, fora das áreas polares, o buraco não consegue se restabelecer.

A professora Joanna Haigh, do Imperial College London, participou do estudo e declarou que a situação é preocupante, e que uma explicação ainda não foi encontrada. “Por mais que o Protocolo de Montreal tenha cumprido sua proposta nas camadas mais altas da estratosfera, existem outros processos acontecendo, e nós não os entendemos”.

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O estudo relacionou análises da camada em 11 diferentes bancos de dados e observou os níveis de ozônio nos 60 paralelos. Nas regiões de 10 a 50 quilômetros de distância da superfície, a camada tem se recuperado aos poucos. Contudo, na região que mais concentra o ozônio – a estratosfera inferior –, o buraco continua a aumentar, o que representa um risco, por exemplo, para a saúde da população, já que os raios ultravioleta podem causar câncer de pele.

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Possíveis causas do problema

Até o momento, as causas ainda não foram observadas, porém, o comportamento do ozônio na atmosfera sugere algumas possibilidades. Como ele é produzido por reações químicas e é distribuído por todo o mundo por meio de correntes de circulação de ar, as correntes mais quentes podem estar fortalecendo tal movimento.

Isso deslocaria uma grande quantidade de ozônio para os polos e, consequentemente, reduziria sua quantidade em baixas latitudes, que coincidem com a região da Linha do Equador e as maiores populações do mundo.

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As chamadas “substâncias de vida extremamente curta" (VSLS, em inglês) podem ser outra explicação para o fenômeno. Os químicos industriais são capazes de destruir a camada de ozônio, porém, como acreditava-se que não resistiam à estratosfera, esta constatação precisa, agora, ser reexaminada.