Espécie de crustáceo que se reproduz sem macho pode ajudar em estudos do câncer

Em estudo, cientistas perceberam que todos os lagostins mármore são clones de uma fêmea, detalhe que os torna interessantes para pesquisas de tumores

Foto: shutterstock
Os lagostins mármore são uma espécie mutante que só possui fêmeas, já que, para a reprodução, elas não precisam de machos


A maioria dos lagostins se reproduz de forma sexuada, porém, esta não é a única maneira que a família de crustáceos perpetua as espécies. Os lagostins mármore, por exemplo, são uma rara e interessante exceção: as fêmeas não precisam de machos para a reprodução, e por causa disso, todos os animais da espécie são fêmeas.

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De acordo com o Daily Mail, os animais da espécie Procambarus fallax forma virginalis desenvolveram a capacidade de se reproduzirem por meio de clonagens naturais. Tal habilidade é a responsável por uma reprodução massiva dos crustáceos, que já “invadiram” países da África e da Europa e continuam a povoar diversas áreas de maneira desenfreada.

Desde a descoberta, em 1995, a espécie começou a se reproduzir na Alemanha, cruzou a Europa e chegou até a África, um movimento que levou a União Europeia a banir tais crustáceos: elas não devem ser vendidas, guardadas, distribuídas ou liberadas na natureza. “Os lagostins são uma verdadeira peste”, disse Gerhard Scholtz, biologista evolucionário da Universidade de Humboldt, em Berlim.

Esta peculiar habilidade chamou a atenção de pesquisadores, que recentemente publicaram um estudo sobre o DNA de 11 lagostins mármore , com o objetivo de entender como elas conseguem se dispersar tão rapidamente. E o resultado foi surpreendente: como todos os animais são geneticamente idênticos, isso sugere que são clones de uma única fêmea.

Pesquisas sobre câncer

Os animais podem ser encontrados nos mais diversos ecossistemas, desde Madagascar até a Suécia, e apresentam um grau de adaptação que deixou os cientistas surpresos. Isso porque uma das vantagens de se reproduzir de forma sexuada é a diversidade genética criada. Desta forma, a variedade nos DNAs propicia uma adaptação mais fácil e rápida a condições adversas no ambiente.

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Contudo, Por mais que os lagostins mármore sejam todos clones uns dos outros, eles se adaptam de forma excepcional através de mecanismos epigenéticos , ou seja, regulados por pequenas marcações no DNA. Eles não são capazes de modificar o código genético, mas podem determinar de que maneira cada um dos genes vai funcionar – e quando eles devem ser “ativados".

Tais mecanismos epigenéticos podem fazer com que a espécie seja usada em pesquisas sobre tumores, pois, já há algum tempo, cientistas perceberam que são fundamentais nos processos de mutação genética que geram os tumores, e dessa forma, podem desempenhar um importante papel no risco do desenvolvimento de câncer.

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Como é a reprodução assexuada?

As reproduções por "clonagem" são muito comuns em algumas espécies, e ao contrário da forma sexuada, elas só precisam de um organismo para acontecer. Como não há fertilização, e a consequente troca de material genético, os animais provenientes desta procriação serão clones de sua "mãe".

No caso dos lagostins mármore, os animais possuem dois cromossomos sexuais, e por isso, conseguem induzir a divisão celular em seus ovários, atividade que vai resultar no desenvolvimento de um embrião. Em animais que dependem da atividade sexuada, cada um dos pais possui um único cromossomo, que serão unidos para formar um novo organismo.

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Outros animais que fazem reprodução assexuada, além dos lagostins mármore, são baratas , tubarões-martelo, dragões-de-Komodo e águas-vivas.