Pessoas que esperam por transplantes de pulmão poderão em breve se tornar receptores de órgãos cultivados em laboratório. Segundo pesquisadores da Universidade do Texas Medical Branch (UTMB), um transplante de pulmão feito em porcos vivos, por meio de bioengenharia, mostrou que, em menos de cinco anos, humanos poderão passar pelo mesmo procedimento sem riscos de vida.
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De acordo com o Mirror , o transplante de pulmão realizado pela equipe de pesquisa da UTMB, primeira a cultivar pulmões humanos com sucesso em laboratório em 2014, representa uma ‘porta de entrada’ para o avanço tecnológico na área de saúde.
"O número de pessoas que desenvolveram lesões pulmonares graves aumentou em todo o mundo, enquanto o número de órgãos disponíveis para transplante diminuiu", afirmou o professor de anestesia pediátrica, Joaquin Cortiella.
Joan Nichols, professor de medicina e diretor associado do Galveston National Laboratory da UTMB, acrescentou que o objetivo final da série de experimentos é fornecer opções viáveis para pessoas que aguardam a execução do procedimento por um longo período.
Nichols relatou que, para produzir um pulmão por meio de bioengenharia, é necessário um ‘andaime’ de suporte que atenda às necessidades estruturais de um pulmão. Para criar isso, os pesquisadores usaram um pulmão de animal que foi tratado com um coquetel especial de açúcar e detergente, a fim de eliminar as células e o sangue, deixando apenas um "esqueleto de proteínas".
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Os pesquisadores usaram células de um único pulmão retirado de cada um dos porcos e criaram um novo órgão pareado por tecidos. Depois que os esqueletos dos pulmões foram colocados em um tanque com uma mistura de nutrientes e células dos próprios animais, os órgãos geneticamente modificados foram cultivados em um biorreator por 30 dias e, por fim, transplantados.
Os cientistas relataram que todos os porcos que receberam os pulmões desenvolvidos em laboratório permaneceram saudáveis. "Os pulmões manipulados por bioengenharia continuaram a se desenvolver após o transplante, sem qualquer infusão de fatores de crescimento. O corpo forneceu todos os blocos de construção que os novos pulmões precisavam", explicaram em uma publicação na revista Science Translational Medicine .
O monitoramento realizado pelo grupo mostra que, dois meses depois da cirurgia, os pulmões de bioengenharia ainda não estavam totalmente desenvolvidos, o que influenciou no próximo passo da pesquisa.
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Agora, os estudiosos pretendem explorar a sobrevivência e a maturação a longo prazo dos tecidos, bem como sua capacidade de troca gasosa. Eles esperam que os órgãos possam crescer e se manter saudáveis para a concretização de um transplante de pulmão geneticamente modificado em humanos, entre cinco a dez anos.