"Dentistas neandertais" tentavam tratar dores de dente, aponta novo estudo

Alguns fósseis de 130 mil anos atrás revelaram que os homens neandertais, normalmente tratados como "subumanos", podem ter sido seres inteligentes

Novas pesquisas descobriram algumas curiosidades sobre a relação dos neandertais com seus dentes
Foto: Reprodução/David Frayer - Universidade do Kansas
Novas pesquisas descobriram algumas curiosidades sobre a relação dos neandertais com seus dentes

Um novo estudo, liderado por um pesquisador da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, revelou inúmeras marcas e ranhuras em dentes de 130 mil anos atrás. Esta descoberta sugere que, por mais que possamos imaginar a odontologia como uma prática moderna, ela parece existir desde a época dos homens neandertais, na pré-história.

Leia também: Fósseis de dentes sugerem que homem deixou África 20 mil anos antes do imaginado

Segundo o portal Daily Mail , a recente pesquisa, publicada na última quarta-feira (28), coloca em xeque alguns estudos anteriores. Eles classificavam os neandertais  como animais que desenvolveram apenas habilidades “subumanas”, e agora, sugere-se que eles poderiam ser, na realidade, seres inteligentes.

“Olhando a situação como um todo, as marcas são compatíveis com dores dentais que os pré-históricos tinham e tentaram tratar. Foi uma conexão interessante entre problema e solução que costumamos esperar que apenas o homem moderno faça", explicou David Frayer, o antropólogo que liderou a pesquisa, segundo o site  Science Daily .

As fases da pesquisa

Divulgado na revista científica The Bulletin of the International Association for Paleodontology , o estudo foi feito em uma parceria entre Frayer, o dentista Joseph Gatti, a pesquisadora americana Janet Monge e Davorka Radovčić, curadora do Museu de História Natural da Croácia. Eles reexaminaram fósseis encontrados, há mais de 100 anos, no sítio arqueológico da cidade croata de Krapina.

Os cientistas focaram a pesquisa no lado esquerdo da mandíbula de uma das ossadas e, para isso, usaram um microscópio óptico para identificar e documentar problemas camuflados, marcas, ranhuras e falhas no esmalte dos dentes .

As conclusões destas análises microscópicas indicaram que os dentes – pré-molares e terceiro molares – tiveram sua posição original modificada, além de exibirem seis marcas de desgaste e alteração da estrutura calcária. Ou seja, isso mostra que o "dentista" em questão tentou forçar alguma coisa em seus dentes e ficou com o sorriso defeituoso.

Por mais que os pesquisadores não tenham conseguido recuperar a mandíbula do neandertal em questão, o que poderia revelar alguma doença dentária a ser relacionada com as marcas descobertas, é altamente provável que a decisão de desgastar os dentes estava ligada a certo desconforto sentido na região bucal pelos neandertais. 

Leia também: Ovelha mutante tem boca 'extra', com dentes e saliva, dentro de sua orelha; veja