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Pais e irmão de menor que atirou na professora e se matou prestam depoimento em São Caetano do Sul

Milton Nogueira e Elenice Mota, pais de Davi, chegam a delegacia para prestar depoimento
AE
Milton Nogueira e Elenice Mota, pais de Davi, chegam a delegacia para prestar depoimento
A família de Davi Mota Nogueira, de 10 anos, que atirou contra uma professora e se matou depois, prestou depoimento, por quase três horas, no 3º DP em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. O irmão mais velho do menor relatou à delegada Lucy Mastellini Fernandes que, duas semanas antes do fato, Davi o questionou sobre sua possível morte. “Se eu morrer, você vai ficar triste?”, perguntou Davi ao irmão que, pela surpresa da pergunta, disse “claro que sim” e logo desconversou.

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Segundo a delegada, os depoimentos não revelaram o que teria levado Davi a atirar contra a professora da Escola Municipal Professora Alcina Dantas Feijão e se matar em seguida.

Questionada sobre o fato de a arma estar carregada no dia em que Davi a encontrou e a levou para escola, Lucy diz que o pai, por ter um compromisso pela manhã, a teria deixado carregada. “Foi um fato isolado. Ele nunca deixava a arma carregada.” O revólver estava a uma altura de 1,90 metro e sua localização não era mantida em segredo pelos pais.

Sobre um possível indiciamento do pai, a delegada diz que, até o momento, não vai indiciá-lo por negligência. “As crianças nunca demonstravam curiosidade neste sentido (de mexer com arma), segundo o pai. Eles eram orientados a não mexer com o revólver. Diante disso, nego que tenha havido negligência.”

A delegada acredita ser crucial ouvir a professora Rosileide Queirós Oliveira, de 38 anos, e colegas de classe do estudante. "É crucial para entender o ambiente da sala de aula. No ambiente familiar, não havia problemas." Pelo depoimento do irmão, Davi nunca relatou problemas com as três professoras e afirmava que sua preferida era Ana Paula.

Desenho

A família de Davi autorizou a divulgação de um desenho em que ele se retratava com 16 anos. Segundo a delegada, Elenice Mota, mãe do aluno, reconheceu o desenho feito por Davi e liberou a divulgação acreditando que ele não retrata um possível perfil violento do aluno.

Desenho feito por Davi no qual se retrata com 16 anos na escola
Reprodução
Desenho feito por Davi no qual se retrata com 16 anos na escola