Agência brasileira de inteligência
Reprodução/TV Globo - 03.03.2023
Agência brasileira de inteligência

A nova fase da Operação “Última Milha”, que investiga uma organização criminosa dedicada a monitorar ilegalmente autoridades públicas, revela que a  Agência Brasileira de Inteligência (Abin) produziu fake news para abastecer o “gabinete do ódio” do governo de Jair Bolsonaro. A informação é da colunista do GLOBO, Bela Megale.

Os alvos desta ação são dois policiais cedidos à Abin que trabalhavam diretamente para o ex-diretor-geral da agência, Alexandre Ramagem, e integrantes do chamado gabinete do ódio no Palácio do Planalto. Ramagem, deputado federal eleito em 2022 com apoio de Bolsonaro, é pré-candidato do PL à prefeitura do Rio de Janeiro.

Conforme informou O GLOBO, a Polícia Federal já prendeu Giancarlo Gomes Rodrigues, Matheus Sposito (ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social na gestão Bolsonaro), Marcelo de Araújo Bormevet (policial federal), e Richards Dyer Pozzer.

Marcelo Araújo Bormevet, um dos alvos de prisão preventiva nesta quarta fase da Operação Última Milha, é agente da Polícia Federal desde 2005 e integrou a equipe que fazia a segurança do ex-presidente Jair Bolsonaro na campanha de 2018. Ganhando a confiança do ex-mandatário e de Alexandre Ramagem, Bormevet foi nomeado chefe do Centro de Inteligência Nacional (CIN) do órgão durante a gestão de Ramagem. Segundo as investigações, essa estrutura era usada para monitorar ilegalmente adversários de Bolsonaro.

No governo Lula, Bormevet também exerceu um cargo de confiança como assessor na Subchefia Adjunta de Infraestrutura da Casa Civil, mas foi afastado em janeiro por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes. Em abril, a Controladoria-Geral da União abriu um processo administrativo disciplinar (PAD) contra ele.

Nesta quinta-feira (11), a PF cumpre cinco mandados de prisão preventiva e sete mandados de busca e apreensão, expedidos pelo STF, nas cidades de Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo. Além de Bormevet, os alvos incluem ex-servidores cedidos para Abin e influenciadores digitais que trabalhavam no "gabinete do ódio" do governo Bolsonaro.

Atividades criminosas

As investigações apontam que membros dos três Poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de fake news. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.

"Os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio", diz a PF, em nota.

Uso do software FirstMile

A Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de alvos pré-determinados por meio de aparelhos celulares. Após a reportagem, a Polícia Federal abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo de Bolsonaro.

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