O Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (Sindmetro-PE) deflagrou uma greve de 24 horas às 22h de terça-feira (12), deixando o trânsito difícil para a população que utiliza transporte público no Recife nesta quinta-feira (13). Após a paralisação dos serviços, que serão retomados às 22h de hoje, a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), administradora do metrô, reabriu o diálogo com a categoria, marcando uma nova rodada de negociações na sexta-feira (14).
As reivindicações dos metroviários são a aprovação do novo acordo coletivo de trabalho proposto pela categoria; a retirada da CBTU do Plano Nacional de Desestatização (PND), que visa à privatização da empresa; e o andamento célere do Plano de Restauração do Metrô do Recife, que tem problemas estruturais.
De acordo com Luiz Soares, presidente do sindicato, a empresa não aceitou a minuta do acordo, levando os trabalhadores a cruzarem os braços.
O presidente do Sindmetro-PE, Luiz Soares, iniciou a assembleia fazendo um breve histórico de lutas e articulações políticas da categoria, alegando que sempre buscou o diálogo, “mas, infelizmente, assim como o governo anterior, esse novo governo continua com o desejo de privatizar o sistema e diremos não. Não a privatização e sim a um metrô federal estatal e de qualidade”.
A paralisação nesta quinta-feira é a primeira que o novo governo Lula enfrenta desde que o presidente assumiu seu terceiro mandato. A eleição do petista, nas palavras do sindicato, fez a categoria acreditar que os problemas enfrentados pelos trabalhadores ficariam no passado, “mas parece que o atual governo segue a mesma linha bolsonarista de avançar para desestatizar o sistema”, especialmente no que diz respeito ao projeto para privatização do metrô.
"O presidente Lula prometeu não privatizar nenhuma estatal, e esperamos que ele cumpra. Mas, pelo que estamos vendo, esse governo segue os mesmos parâmetros adotados no governo Bolsonaro, e não vamos permitir. Não à privatização", disse o presidente do sindicato.
Histórico de problemas
No final dos anos 90, durante o mandato de Fernando Henrique Cardoso, o Metrô do Recife quase foi privatizado. Esse fato, de acordo com o sindicato, levou à “primeira onda de sucateamento” do sistema de transporte sobre trilhos da cidade.
A rede de transporte recebeu mais investimentos nos anos dos governos Lula 1 e 2, e Dilma Rousseff - o que levou à expansão da Linha Sul, reforma de trens antigos, aquisição de trens e VLT’s - mas na gestão de Jair Bolsonaro a privatização voltou a ser discutida.
Rodoviários
Ao movimento dos metroviários, somou-se uma paralisação de trabalhadores da empresa de ônibus Metropolitana, durante a manhã, deixando o trânsito ainda mais difícil na capital pernambucana.
O movimento, encerrado às 7h30, é um protesto que reivindica a devolução, por parte da Metropolitana, de valores descontados da folha de pagamento de parte dos trabalhadores em razão de paralisações realizadas em 2020, posicionando-se contra a dupla função atribuída aos motoristas diante da retirada dos cobradores nos coletivos.
Quase três anos depois, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) autorizou as empresas a cobrar dos funcionários as horas não trabalhadas relativas à paralisação, sem desconto de qualquer valor em folha.
Para a categoria, o objetivo da Metropolitana ao realizar o desconto na folha salarial é enfraquecer a luta da categoria durante sua campanha salarial.
“É uma provocação e um desrespeito, pretendem jogar os trabalhadores contra o sindicato. Portanto, estamos aqui exigindo a devolução imediata dos valores descontados e avisando a Metropolitana e as demais empresas representadas pela Urbana-PE [consórcio que gere o transporte rodoviário na Região Metropolitana do Recife]”, disse o Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana por meio de nota.