Prédio da Ceperj no Rio de Janeiro
Reprodução Google - 07.08.2022
Prédio da Ceperj no Rio de Janeiro

Cerca de cinco mil funcionários da  Fundação Ceperj, órgão acusado de criar uma “folha de pagamento secreta” dentro do governo do Rio, foram beneficiários do Auxílio Emergencial. Um cruzamento feito pelo GLOBO entre a lista de mais de 27 mil contratados pela Ceperj e o rol de beneficiários dos pagamentos do programa do governo em setembro de 2021 identificou 5.325 pessoas que aparecem nas duas listas.

Tanto os extratos dos pagamentos da fundação quanto a lista de beneficiários do Auxílio Emergencial incluem o nome e parte do CPF de todas as pessoas. Para realizar o cruzamento, o GLOBO considerou apenas quando as pessoas tinham o mesmo nome e seis dígitos do CPF idênticos nas duas listas. O GLOBO já havia revelado que, das 36 pessoas que receberam mais de R$ 20 mil da Ceperj de uma só vez, quatro também receberam Auxílio Emergencial. Além delas, duas faziam parte do Bolsa Família. Ou seja, são pessoas registradas como em situação de pobreza ou extrema pobreza.

Na quarta-feira da semana passada, a Justiça do Rio determinou que a Ceperj e o governo do estado interrompam imediatamente essas remunerações, bem como as contratações temporárias, sem que haja prévia divulgação dos dados em portal eletrônico. Segundo promotores do Ministério Públicos do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), os pagamentos desse pessoal contratado ocorria “na boca do caixa” de agências do Bradesco, somando um total de quase R$ 226,5 milhões em todo o estado.

Ganhos de R$ 80 mil

A média recebida por pessoa entre as que aparecem nas duas listas foi de R$ 8,4 mil. Mas entre os funcionários que receberam valores da Ceperj e também do Auxílio Emergencial existem alguns que chegaram a ganhar, somados, mais de R$ 80 mil, o que seria equivalente a um salário de R$ 6 mil por mês em um ano. Para receber o benefício do governo, a renda por pessoa da família não poderia passar de R$ 550, e o ganho total não poderia ser maior do que R$ 3,3 mil.

Os dados entregues pelo Banco Bradesco apontam a presença de mais de 91 mil ordens de pagamento para 27.665 pessoas diferentes. O documento aponta também uma expansão progressiva da “folha de pagamento secreta”, em função do aumento do volume de mão de obra remunerada por meio das ordens de pagamento bancário ao longo deste ano.

A lista inclui também pessoas ligadas a políticos e até candidatos. O GLOBO revelou que pelo menos 20 pessoas que figuram na lista de cargos secretos da Fundação Ceperj, vinculada ao governo do Rio, disputaram eleições no estado desde 2018.

Na análise dos planos de trabalho de cinco dos projetos do Ceperj, a maior previsão de contratação de pessoal era justamente a do Esporte Presente, com 8.640 profissionais. A Casa do Trabalhador e os respectivos projetos Agentes de Trabalho e Renda e Agentes de Empregabilidade demandariam 7.037 contratados. O terceiro projeto que previa mais pessoal era o Cultura para todos, com 1.251, seguido pelo Observatório do Pacto RJ, com 827.

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