Vídeos e fotos: Protestos contra Bolsonaro são registrados em todo o Brasil
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Vídeos e fotos: Protestos contra Bolsonaro são registrados em todo o Brasil

Milhares de manifestantes foram às ruas neste sábado em todos os estados do país e no Distrito Federal para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Os atos pediram o impeachment de Bolsonaro e o avanço da vacinação em meio a críticas à gestão da pandemia no Brasil, no dia em que o país ultrapassou a marca de 500 mil mortes por Covid-19.

Os protestos, convocados por entidades e movimentos sociais, contaram com o respaldo de partidos políticos e centrais sindicais. Se em maio o PT preferiu se manter distante dos protestos, apesar de sua presidente nacional, Gleisi Hoffmann, ter participado do evento na capital paulista, agora o partido se engajou desde cedo. O ex-presidente Lula cogitou aderir ao ato, mas recuou. O ex-prefeito Fernando Haddad, por sua vez, marcou presença, além de Guilherme Boulos, do PSOL.

Manifestações foram registradas até 18h30 em Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Boa Vista, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Macapá, Maceió, Manaus, Natal, Palmas, Porto Alegre, Porto Velho, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo, Teresina e Vitória. Em Florianópolis, manifestantes cancelaram devido à chuva, e em Rio Branco, está previsto para acontecer mais tarde.

Também houve atos fora das capitais, em cidades como Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP), Campina Grande (PB), Anápolis (GO), Caxias (MA), Lavras (MG) e Santa Maria (RS). Segundo levantamento do G1, os atos ocorreram em ao menos 81 cidades além das capitais. No exterior, manifestantes também se mobilizaram em dezenas de países, entre eles Estados Unidos, Alemanha, Portugal e Áustria.

Apesar das orientações dos organizadores para respeitar o distanciamento social, aglomerações foram registradas, a exemplo do ocorrido nos atos do último dia 29, que também miravam o governo. A maioria dos manifestantes usava máscaras. Os atos foram pacíficos.

São Paulo

Em São Paulo, os manifestantes se reuniram na Avenida Paulista, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). Eles carregaram faixas e cartazes com dizeres como "Fora Bolsonaro", "Bolsonaro genocida" e "Vacina Para Todos". Alí, a maior parte usava máscara — a recomendação é de que o modelo seja PFF2 ou N95, consideradas mais seguras. No entanto, o distanciamento social não foi respeitado no ponto mais concentrado do protesto. Na grande São Paulo, pelo menos 10 cidades registraram atos neste sábado.

Entre os participantes, estavam representantes da sociedade civil como do movimento estudantil, de mulheres, coalização negra, sindicatos e das causas LGBTQIA+. Também marcaram presença integrantes de torcidas de futebol como Porcomunas, do Palmeiras, e Democracia Corinthiana. Havia ainda um número expressivo de membros de partidos políticos como PSOL e PT com as bandeiras das siglas. Além deles, membros de partidos como PDT, Rede e PSB foram ao ato.

Um dos momentos mais esperados do ato foi a homenagem às vítimas do coronavírus. Os manifestantes soltaram balões na cor vermelha com a frase "500 mil mortos" e gritaram frases como "mais vacina, menos cloroquina". Um boneco inflável de 13 metros do presidente Jair Bolsonaro com cara de vampiro segurando uma caixa de cloroquina foi erguido por integrantes do movimento Acredito. Havia também dos filhos do presidente que também são políticos, como Flávio, Carlos e Eduardo vestidos de presidiários.

Desta vez, havia mais bandeiras do Brasil do que no ato anterior em 29 de maio — 40 mil mortes separam os dois protestos. Líderes da manifestação incentivavam o uso das camisas verde e amarelo e lembravam que trata-se de um símbolo do país e não de determinadas correntes políticas.

"O Brasil é nosso, não deles", disse uma das lideranças que discursou.

Iago Montalvão, presidente da UNE, afirmou ao GLOBO que os atos deste sábado superaram, em número, o do último dia 29:

"Consideramos que os atos de hoje demonstram que a indignação com o governo federal é ampla e crescente, e chega a novas entidades e organizações. Desta vez, há um número maior de municípios que realizaram protestos", disse Iago Montalvão.

O avanço da vacinação em São Paulo, ainda que lenta em comparação a outros países, tem animado mais pessoas a se manifestarem contra o governo. Júlia Pedrotti, 26 anos, é formada em Química e decidiu ir ao ato após tomar a primeira dose da vacina, em 7 de junho. Como ela tem diabetes, entrou no grupo prioritário da vacinação. A decisão por não ir à rua em 29 de maio se deu por insegurança.

"Me senti mais confortável depois que amigos foram ao primeiro ato e me tranquilizaram. Da vez anterior não vim por causa da Covid. Não sabia se as pessoas iam respeitar".

A aposentada Elisa Freitas, de 57 anos, foi pela primeira vez a uma manifestação durante a pandemia. Ela disse que agora, depois de ter tomado a primeira dose da vacina contra a Covid-19, se sente mais confortável.

"Me sinto mais segura para vir. A vacina, que tomei dia 25 de março, foi fundamental para colocar na balança se valeria a pena ou não participar", disse a aposentada, que ficou vinte dias de cama depois de ter contraído Covid. Ela observou que há outras pessoas de sua faixa etária na manifestação, e não apenas jovens.

A psicóloga Helena Fonseca, de 43, já tinha tomado a primeira dose da vacina da Pfizer quando a oposição foi às ruas contra Bolsonaro em 29 de maio. Mas como pouco tempo havia se passado, decidiu esperar. Um mês depois de ser imunizada, ela se sentiu mais segurar para aderir ao ato.

"O que me fez vir foi o tempo da vacina. Já deu os 21 dias, né? Eu fico um pouco mais tranquila. Mas ainda assim é preciso máscara, distanciamento", afirmou.

Adriana Moreira, integrante do Coalizão Negra, uma das entidades que organizou as manifestações, avalia que o ato contou com maior partipação de partidos políticos.

"Há siglas como PDT, Rede e PSB, além de movimentos como o Acredito", afirmou.

Segundo Adriana, o ato do dia 29 de maio trouxe aos movimentos e partidos a compreensão de que é preciso construir uma unidade para ir às ruas contra Bolsonaro. Um dos organizadores da manifestação disse ao GLOBO que a manifestação do dia 29 "quebrou o gelo da aglomeração", e por isso a tendência é que novos protestos ocorram.

As manifestações foram convocadas pela Coalizão Negra por Direitos e pelas Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligadas a movimentos sociais de esquerda. As três organizações foram responsáveis pelo primeiro dia de atos nacionais, em 29 de maio.

As lideranças pedem que os manifestantes usem máscara, preferencialmente do tipo PFF2, tentem manter distanciamento para evitar aglomerações e carreguem álcool em gel. Coletivos independentes em defesa do uso da máscara distribuiram o acessório. Representante da Coalizão, Douglas Belchior afirma que a preparação do evento repetiu o que foi feito da última vez e minimizou a necessidade de trabalhar para ampliar a adesão dos protestos além da esquerda.

"Essa preocupação é muito mais de grupos que buscam motivos de crítica do que por quem está construindo o ato. Não temos vergonha de ser o que somos, temos características que são publicas. Mas também não concordo que 29M tenha sido feito por segmentos da esquerda, foi muito mais amplo", disse Belchior.

Em Campinas, no interior de São Paulo, a concentração começou às 9h30 no Largo do Rosário. Por volta de 11h20, os participantes do protesto saíram em passeata pela Avenida Francisco Glicério. Os manifestantes estavam com máscara facial e os organizadores pediram para que fosse respeitado o distanciamento e outros cuidados necessários contra a Covid-19. Também houve distribuição de álcool em gel. No entanto, apesar das orientações, imagens registraram aglomerações, de acordo com o G1.

Brasília

Em Brasília, manifestantes reuniram-se na Esplanada dos Ministérios. A principal mensagem foi o grito de "Fora Bolsonaro". Uma concentração foi feita a partir das 9h em frente ao Museu Nacional. A partir das 10h, os manifestantes andaram até o gramado que fica na frente do Congresso Nacional, onde foram colocadas grades de proteção.

Uma grande faixa verde e amarela foi exposta, dizendo “Fora Bolsonaro”, “490 mil vidas perdidas” e “Brasil em luto”. A marca de 500 mil óbitos causados pela pandemia de Covid-19 também foi lembrada em diversos cartazes levados pelos presentes. 

Organizadores orientaram os participantes a manter distanciamento e colocaram faixas no gramado para indicar a distância ideal, mas a recomendação não foi cumprida por todos. A maioria dos presentes, no entanto, utilizava máscaras do tipo PFF2, consideradas de melhor qualidade contra o coronavírus.

Parlamentares de esquerda estavam presentes e discursaram no carro de som, como as deputadas federais Erika Kokay (PT-DF) e Talíria Petrone (PSOL-RJ). Às 12h20, os manifestantes fizeram o caminho de volta, em direção à Rodoviária, e dispersaram a partir de 12h50.

Um grupo de religiosos levou uma faixa que dizia “Evangélicos pelo Fora Bolsonaro”. Camila Mantovani, que trabalha em uma ONG ambientalista, afirmou que a ideia era mostrar que o grupo não é um bloco único que apoia o governo, como ela acredita que alguns fazem parecer: 

"A ideia é tentar aglutinar mais pessoas evangélicas que também estão contrariadas. Entendo que os evangélicos são plurais, diversos e multiplica, como a própria população brasileira".

A estudante de arquitetura Helena Bustamanete levou um cartaz com uma ilustração de um vídeo do humorista Esse Menino, que fez sucesso ao representar as tentativas de contato da farmacêutica Pfizer com o governo brasileiro para tentar vender vacinas contra a Covid-19. Ela esteve no último protesto contra o governo, realizado no dia 29 de maio, e considerou que esse foi maior e mais diverso.

"A gente está aqui pelo direito de protestar contra um governo que não fez absolutamente nada pela gente nos últimos dois anos", disse, criticando as políticas ambiental e educacional. "Hoje está bem maior e bem mais diverso também. Cada vez mais gente aderindo".

Já a funcionária pública aposentada Mônica Roque, de 71 anos, levou uma faixa falando da “geração 68”, em referência a manifestações contra a ditadura militar realizadas em 1968.

"90% dos que vêm para a manifestação são jovens. (A ideia) é rememorar para eles o que foi 68".

Indígenas que estão acampados em Brasília nos últimos dias para protestar contra um projeto que altera regras de demarcação de terras juntaram-se ao protesto.

Rio de Janeiro

No Rio, a concentração começou por volta das 10h no Monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, no Centro. Três das quatro faixas da via foram paralisadas para as pessoas que protestavam, entre a Avenida Marquês de Sapucaí e a Rua de Santana. Mesmo usando máscaras de proteção, os manifestantes não conseguiram manter o isolamento social.

Por volta de 12h, os manifestantes já ocupavam os entornos da Candelária, ponto final da passeata, que se estendia até a Central do Brasil. Nos carros de som, os organizadores comemoraram o aumento na adesão ao protesto quando comparado ao do dia 29 de maio e prometeram novos atos.

Além das reivindicações sobre a pandemia, houve manifestações contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, a campanha de privatizações do governo federal e a repressão contra indígenas que manifestavam em Brasília, nesta semana.

Integrante de um coletivo de bordadeiras que reúne mulheres de várias áreas do Rio de Janeiro, Maria Eugênia, de 64 anos, levou um mural com nomes de vítimas da Covid-19:

"Estamos fazendo esse projeto junto com várias bordadeiras do Brasil, para registrar as vidas perdidas e acompanhar a evolução dessa tragédia. O bordado é uma manifestação ancestral e sempre foi usado como forma de expressão política e resistência cultural, é por isso que estamos aqui hoje".

Entre diversas palavras de ordem, os manifestantes gritaram “Fora Bolsonaro”, “Bolsonaro genocida” e fizeram músicas com citações à CPI da Covid. Agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (CET-Rio) fizeram o controle do trânsito, enquanto a Polícia Militar acompanhou os manifestantes durante todo o trajeto. Não houve conflitos entre participantes ou policiais.

Após mais de uma hora na Candelária, os manifestantes começaram a se dispersar em torno das 13h30. Os organizadores do ato fizeram discursos de encerramento, contando com a participação de representantes dos partidos da esquerda.

Estavam no ato parlamentares como os vereadores da capital Chico Alencar, do PSOL, e Benedita da Silva, do PT. A ex-candidata à prefeitura do Rio discursou sobre o carro de som e afirmou que “Bolsonaro é o pior vírus que estamos enfrentando”.

"Não podemos com um governo genocida, queremos saúde, vacina, auxílio emergencial de R$600. Estamos na rua novamente e sabemos que somos muitos mais pelo Brasil", concluiu Benedita.

Recife

Os grupos se reuniram na Praça do Derby e saíram em caminhada pela Avenida Conde da Boa Vista. A concentração do ato começou às 9h. O protesto pediu vacinação contra a Covid-19 e políticas de erradicação da fome e da pobreza.

Por volta das 11h, o ato chegou até a Ponte Duarte Coelho, onde ocorreram os primeiros ataques da Polícia Militar aos manifestantes no último dia 29. Na ocasião, o adesivador de táxis Daniel Campelo foi atingido por uma baa de borracha e perdeu a visão do olho esquerdo.

No local, os manifestantes fizeram uma espécie de abraço simbólico, ocupando a Rua da Aurora, Rua do Sol e as pontes Duarte Coelho e Ponte Santa Isabe - onde o arrumador de contêiners Jonas Correia de França foi atingido no olho quando voltava do trabalho e também perdeu a visão.

Belo Horizonte

A concentração começou às 13h30 na Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul da capital. Manifestantes se reuniram com cartazes e bandeiras como a do Brasil, de movimentos sociais, de partidos políticos e do movimento LGBTQIA+. Eles também gritavam palavras de ordem como "Bolsonaro genocida" e "vacina já". Pratos com os dizeres "500 mil mortos", "medo" e "guerra" foram montados no chão, formando uma cruz.

Salvador

A concentração dos manifestantes começou às 13h, na Praça do Campo Grande, Centro da capital baiana. Por volta das 14h30, a caminhada foi iniciada com destino ao Farol da Barra. O grupo ocupou todas faixas da via e todos usam máscaras de proteção. Antes do início da caminhada, a organização pediu que os manifestantes mantivessem distância um dos outros.

Manaus

Os manifestantes se reuniram na Praça da Saudade, no Centro da capital, e seguiram em caminhada até o Largo de São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas. Além de protestar contra o governo Bolsonaro e lamentar o número de 500 mil mortos no país, o grupo também criticou os cortes na Educação e pediam mais investimentos na ciência e na defesa do meio ambiente. Os manifestantes ainda pediam vacinas para todos.

Fortaleza

Os manifestantes ocuparam pelo menos dois locais da cidade: uma passeata no Bairro Benfica e uma carreata na avenida Leste Oeste. A maioria dos manifestantes utilizava máscaras de proteção facial, mas o distanciamento social não foi respeitado.

Maceió

O ato se concentrou na Praça Centenário, no bairro do Farol, por volta de 9h. Depois seguiu em caminhada pela Avenida Fernandes Lima, onde duas faixas são ocupadas. A mobilização reivindica a vacinação contra a Covid-19 para todos e critica atos do presidente na pandemia. O protesto também ataca a retirada de direitos trabalhistas e o aumento da fome e do desemprego.

João Pessoa

A manifestação começou por volta das 9h em frente ao Liceu Paraibano, no Centro da cidade. De lá, os manifestantes seguiram para o Parque Sólon de Lucena, também no Centro, às 10h30. As principais reivindicações foram a compra de vacinas e o impeachment do presidente.

Teresina

A concentração começou por volta de 8h na Praça Rio Branco, no Centro da capital piauiense. Em seguida, por volta das 9h50, eles percorreram as principais ruas da região, passando pelo Palácio da cidade, sede da Prefeitura de Teresina, e pelo Palácio de Karnak, sede do Governo do Estado.

São Luís

A concentração foi feita na Praça Deodoro, no Centro Histórico da capital, onde faixas e cartazes demandavam mais vacinas contra a Covid-19, pediam o impeachment do presidente e do vice, Hamilton Mourão, e repudiavam o cenário político do país.

Goiânia

Manifestantes caminharam cerca de 3km em protesto contra Bolsonaro e a favor da vacinação. O ato começou por volta das 9h30 e durou cerca de três horas. Cartazes e faixas com os escritos “Vacina no braço, comida no prato”, “Fora Bolsonaro” e “Vacina já” foram carregados pelos participantes durante o percurso.

Cuiabá

O manifesto começou com ato simbólico, às 6h (horário local) na avenida da Prainha, seguido de uma carreata, com saída às 9h, em frente ao Sesc Arsenal e finalização na Praça Alencastro, onde foi realizado o ato público e uma passeata.

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