Amigos e familiares de Ricardo Lima da Silva no cortejo realizado no campus
Foto: Reprodução
Amigos e familiares de Ricardo Lima da Silva no cortejo realizado no campus

O estudante Ricardo Lima da Silva  morreu, no dia 25 de maio, após cair do prédio em que morava no Conjunto Residencial da USP - CRUSP. Segundo familiares e amigos, ele era vítima de racismo e bullying por parte dos professores e de outros alunos. O suicídio ocorreu depois de o universitário pedir ajuda à instituição de ensino e não receber.

O aluno da  Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) , alegava perseguições da parte de alunos e professores. Ele fez pedidos de ajuda por e-mail e cartas, mas segundo amigos de Ricardo, a USP não respondeu. 

Segundo o portal Geledés , nenhuma atitude institucional foi tomada quando o estudante avisou que iria se suicidar nas escadas do próprio bloco estudantil, onde residia. Ricardo se pendurou no sexto andar e amigos do jovem relataram que não houve nenhum movimento da Universidade para impedir a sua ação.

Moradores do CRUSP relatam que um guarda da USP e um profissional de segurança privada da Albatroz Segurança e Vigilância, ambos sem preparo, subiram no andar e ficaram esperando parados, não chamaram os bombeiros, não montaram uma operação, não deixaram uma ambulância preparada, nem avisaram a polícia militar que tem uma guarita a poucos metros do local.

Ainda segundo o portal, quando Ricardo se jogou, os guardas que estavam paradoss saíram gritando, avisando que o jovem havia se jogado. Movimentações para tentar salvar o jovem partiram dos próprios estudantes e pessoas ao redor, que chamaram a ambulância, enquanto Ricardo tinha uma parada cardíaca no chão. A família do jovem recebeu apenas uma notificação de seu falecimento.

Um amigo do estudante, que prefere não se identificar, contou ao portal Alma Preta,   que Ricardo tinha consciência do racismo que enfrentava na universidade e atuava na luta contra preconceito e injustiças no campus. Em 2019, participou do Novembro Negro, promovido pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, onde questionou as dificuldades para enfrentar a invisibilidade social e a falta de crédito no meio acadêmico, por consequência do racismo.

Reincidência 

Esse é o terceiro caso de suicídio entre estudantes da USP em dois meses. Todos eram alunos de graduação da FFLCH. 

“É impossível saber o que levou esses jovens a medidas tão extremas para acabar com o sofrimento que sentiam. A pandemia pode ter sido uma situação catalisadora para problemas anteriores e estamos preocupados com a repercussão que esses casos podem ter”, disse Paulo Martins, diretor da FFLCH à Folha de S. Paulo.

Segundo o jornal, a faculdade estuda formas de colocar em prática três ações nas próximas semanas: a ampliação de atendimentos no ESM (Escritório de Saúde Mental), a criação de uma espécie de CVV (Centro de Valorização da Vida) próprio da unidade e uma pesquisa sobre saúde mental dos alunos.

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