Henry Borel, tinha 4 anos quando foi morto no dia 8 de março
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Henry Borel, tinha 4 anos quando foi morto no dia 8 de março

Uma outra sessão de violência do médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), contra o menino Henry Borel Medeiros, foi narrada em tempo real pela babá Thayna de Oliveira Ferreira ao noivo. O episódio aconteceu na manhã de 2 de fevereiro e levou o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), a indiciar o parlamentar por tortura mais uma vez. Na segunda-feira (3), o vereador e a mãe do menino, Monique Medeiros, foram indiciados por crime de homicídio duplamente qualificado contra Henry .

Nas mensagens enviadas pela funcionária, ela descreve que os dois ficaram trancados no quarto por cerca de meia hora. Da sala, ela ouvia a criança chorar e gritar “eu prometo” ao padrasto.

A conversa, foi recuperada no celular apreendido de Thayna no dia 8 de abril, e consta no inquérito que apura a morte de Henry. Ela mostra o diálogo entre o casal de 7h33 às 11h14. A jovem diz estar “apavorada” e, como futura psicóloga, “chocada” com o que presencia. “Família de doido real. A criança vai ficar perturbada”, ela escreve. A funcionária explica que Henry estava com ela no quarto, chorando e pedindo pela mãe. Jairinho então entra, diz que ele não pode chorar e que ele é “muito mimado”.

“O menino agarrou no meu pescoço, começou a chorar muito mesmo, que você vê que não é normal. Aí entrou com o menino no quarto dele. Fiquei sem saída, vou fazer o que né? Aí ele: me leva para minha tia, eu quero minha tia. Agora o menino tá chorando no quarto e eu na sala tipo, que coisa estranha sabe? Parece estar tampando a boca do menino, uma doideira de verdade”, escreve a babá ao noivo.

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Ela continua: “Ai veio pra mim agora tomar café. Natural como se nada tivesse acontecido. Perdi até a fome. Confesso. Estou tremendo, sabia? Aí falou: Monique mima muito ele.” O rapaz então pergunta: “E o menino está aonde agora?” e ela responde: “No quarto, chorando e gritando: eu prometo. O psicológico dessa criança vai ficar f…. Sério. E não sei o que faz para melhorar”.

O noivo também questiona: “Ué, mas você está aí para ficar com a criança e ele coloca a criança no quarto e manda ficar na sala?”. A babá responde: “Isso. Olha a doideira. Falou pra mim: pode entrar a hora que quiser. Eu vou lá entrar. E da outra vez ele fez a mesma coisa". Thayna também diz que irá contar à patroa sobre o que ouviu. “Eu vou conversar com a Monique quando voltar. Não vou dizer o que aconteceu porque vou me enfiar numa rabuda. Mas vou falar para ela evitar de deixar ele comigo e Jairinho porque Jairinho chama ele pra conversar”.

Mais adiante, o homem ainda escreve: “Acredito que ele não deve bater no menino, né? Não é possível que seja tão louco” e noiva responde: “Bater não, mas ele deve fazer ameaças psicológicas, o que é crime. Quanto mais com uma criança igual a um bebê”.

A troca de mensagens ocorreu dez dias antes de Thayna narrar a Monique, também em tempo real, outro episódio de violência no apartamento 203 do bloco I do Condomínio Majestic, no Cidade Jardim. Na ocasião, ela também presenciou Jairinho levando Henry para o quarto e o menino saindo do cômodo mancando, reclamando de dores na cabeça e com hematomas nos braços e nas pernas.

O menino disse ter levado “chutes” e “bandas” do vereador. Em uma chamada de vídeo para a mãe, que estava no salão de beleza, ele disse que “o tio bateu” ou “o tio brigou” e pediu que ela fosse para casa. A professora retornou ao imóvel cerca de três horas depois. Essa conversa foi usada como fundamento para o pedido de prisão temporária do casal, que ocorreu em 8 de abril.

Polícia indicia casal pela morte de Henry

Nesta segunda-feira (3), o delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), concluiu o relatório do inquérito que apura a morte de Henry Borel Medeiros, de 4 anos. No documento, são indiciados a mãe do menino, a professora Monique Medeiros da Costa e Silva, e o namorado dela, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (sem partido), pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por emprego de tortura e impossibilidade de defesa do menino. O parlamentar também foi indiciado duas vezes por tortura , e a professora uma vez, por conta de outros episódios de violência praticados contra Henry — inclusive um relatado pela babá em tempo real à professora, durante a tarde de 12 de fevereiro.

Um pedido à Justiça de conversão da prisão temporária do casal em preventiva também foi feito. O s dois já encontram-se atrás das grades desde o dia 8 de abril, sob acusação de tentar atrapalhar as investigações. O relatório está sendo encaminhado ao promotor Marcos Kac, do Ministério Público do Rio, que deverá oferecer eventual denúncia à juíza Elizabeth Louro Machado, titular do II Tribunal do Júri, nos próximos dias.

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