Um casal de noivos está no cartório para oficializar a união. A jornalista Marina Maranhão, 33, e o engenheiro Thiago de Andrade, 31, estão de frente para o magistrado que formaliza o processo. Essa cena seria normal em Recife, capital de Pernambuco, se não fosse por alguns detalhes: a cerimônia aconteceu no “dia da mentira” e por uma chamada de vídeo no Whatsapp. “Quando eu falei para o Thiago que a gente ia casar assim, ele achou que eu estava brincando”, conta Marina. 




Apenas nesta quarta-feira (1º), 11 casais já passaram pela mesma experiência, após a suspensão temporária de atendimento presencial do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), em decorrência da Covid-19 . A iniciativa partiu dos juízes. Em seguida, os cartórios entraram em contato com os noivos e sugeriram o novo molde de celebração. 

Semanalmente, são realizados cerca de 30 casamentos de forma presencial, mas, por conta da epidemia do coronavírus, a maioria dos casais pediu para o adiamento. Porém, a juíza Juçara Figueiredo, responsável pelas oficializações, lembra que existem casos especiais que devem ser analisados separadamente.

“Alguns casais estavam com a aquisição de imóvel já em curso e só queriam fechar o negócio após a legalização do casamento para o bem ser de ambos. Outra situação especial, foi a de uma noiva russa que já estava com viagem programada com o marido para seu país de origem, sendo dispendioso remarcar uma nova data”, afirma a juíza.

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No caso de Marina e Thiago, o casamento estava marcado para o último dia 25. “A gente tinha pressa para casar porque queremos mudar para o Canadá em setembro e a legislação de lá exige a certidão de casamento. Ficamos muito preocupados com o cancelamento até então”, diz Thiago.

Marina conta que recebeu a ligação do cartório de última hora e não pensou duas vezes. “Por tudo o que está acontecendo, acho que não ter adiado o casamento foi no sentido de não desistir do nosso sonho , dos nossos planos”, afirma a jornalista. 

Casal
Arquivo pessoal
Thiago e Marina oficializaram a união usando um celular


De acordo com a juíza Juçara Figueiredo, a presença do Judiciário nesse processo, assim como em tantos outros, acarreta implicações na vida dos envolvidos. “O Estado Juiz precisa estar presente na vida dos cidadãos, o que deve acontecer para atender às diversas demandas que, se forem adiadas podem trazer prejuízo à vida dos jurisdicionados. O casamento, não se trata apenas de um sonho, mas também de um projeto de vida , em que há muitas implicações legais”, pontua. 

Por fim, mesmo com todas as dificuldades provocadas pela epidemia do coronavírus, a esperança de dias melhores permanecem, garante o casal Marina e Thiago. “Apesar de tudo, essa situação vai passar e os nossos sonhos vão seguir em frente. Não podemos desistir da vida. Ninguém pode ”, conclui a jovem. 

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