Cedae está com dificuldades em normalizar a situação da água no Rio de Janeiro
Divulgação/Cedae
Cedae está com dificuldades em normalizar a situação da água no Rio de Janeiro

A água abastecida pela Cedae vai começar a receber o tratamento com carvão ativado a partir desta quinta-feira, após os problemas com a qualidade do líquido atingirem 77 bairros do Rio e seis cidades da Baixada nos últimos 19 dias. A companhia confirmou que ainda realiza testes operacionais nesta quarta-feira antes de empregar o sistema, um dia depois de finalizar a montagem do sistema de aplicação e os testes elétricos e mecânicos no equipamento.

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Diante da água com coloração, gosto e cheiro fortes que a Cedae vem fornecendo aos consumidores desde o último dia 6, cariocas que possuem caixas d'água em casa estão sem saber o que fazer. O diretor de Condomínio e Locação da Associação Brasileira das Administradoras de Imóveis (Abadi), Marcelo Borges, conta que tem sido procurado por síndicos de prédios em busca de orientações sobre que destino dar à água armazenada nos reservatórios dos condomínios.

"A água é um componente bem significativo no orçamento de um condomínio, só perde para a folha de pagamento. Desde que a Cedae confirmou a presença de geosmina na água , muitos moradores ficaram apreensivos. Mas esvaziar a caixa d’água e encher novamente com a mesma água não me parece uma medida inteligente", pondera Borges, acrescentando que há condomínios que estão avaliando entrar na Justiça contra a estatal por conta da má qualidade da água.

Segundo o químico Rafael Almada, presidente do Conselho Regional de Química do Rio de Janeiro , enquanto o problema não tiver sido resolvido, é mais importante priorizar o uso de filtros de carvão ativado do que jogar fora os milhares de litros d'água acondicionados nos reservatórios de condomínios e residências.

Segundo Almada, que é doutor em engenharia química pela Coppe/UFRJ, a população só deve pensar em esvaziar e higienizar reservatórios quando o processo de filtragem por carvão ativado for implementado na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu.

"Assim que a Cedae der algum retorno em relação ao prazo de colocação do carvão ativado no tratamento pode-se começar a pensar na limpeza das caixas. O mais importante é garantir que a água que você está usando para consumo esteja como a água deve ser: incolor, inodora e insípida. Se ela estiver dessa forma, é grande a possibilidade de ela estar dentro do padrão de potabilidade", afirma o químico.

Procurada, a Cedae informou que o carvão ativado começará a ser usado ainda esta semana, mas não precisou a data que o sistema entrará em funcionamento. Em nota, a empresa disse que "assim que o carvão for aplicado no processo de tratamento, reterá a geosmina e, portanto, a água já não apresentará mais gosto e cheiro de terra. No entanto, fez uma ressalva: "A eliminação das alterações causadas pela geosmina em cada imóvel dependerá da renovação da água nos reservatórios internos".

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O maquinário que colocará o carvão ativado em uso está sendo montado na Estação de Tratamento de Água (ETA) Guandu, em Nova Iguaçu. O equipamento chegou de São Paulo desmontado em três partes e trouxe a esperança de melhoria na qualidade da água. Além do equipamento, também já chegou ao Rio um carregamento de carvão ativado vindo do Paraná.

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