Pai e mãe de Marielle Franco participaram, nesta segunda-feira (14), de um ato em homenagem à vereadora assassinada
Divulgação/Anistia Internacional
Pai e mãe de Marielle Franco participaram, nesta segunda-feira (14), de um ato em homenagem à vereadora assassinada

Esta semana começou difícil para Marinete Silva. Mãe da vereadora Marielle Franco (PSol) – que foi assassinada a tiros no Rio de Janeiro, em março deste ano – Marinete passou ontem o seu primeiro Dia das Mães sem a filha e, nesta segunda-feira (14), sofre com a marca completa de dois meses do crime que desfalcou sua família e a sociedade.

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"Tô sobrevivendo dia após dia. A gente não se conforma e não vai se calar enquanto não tiver o resultado das investigações", disse a mãe de Marielle Franco . "A gente precisa de uma coisa mais concreta. A gente está aí, na expectativa", continuou.

As declarações de Marinete foram feitas nesta manhã, durante um ato em homenagem à filha, organizado pela Anistia Internacional, em frente à Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro.

"É claro que o nosso tempo não é o tempo deles, porque a investigação, além de sigilosa, é complexa. Mas não há crime perfeito. Eles vão chegar”, disse Marinete.

No protesto feito em frente à Secretaria, a Anistia lembrou que os crimes que tem como vítimas pessoas defensoras dos direitos humanos, no Brasil, tendem a cair no esquecimento e os culpados ficam impunes.

"O que ela fez de tão grave para ter uma morte assim? Qual ameaça fazia à sociedade? Que tipo de democracia é essa? Quatro tiros na cabeça é muito ódio. Ela nunca fez mal algum", disse a advogada de 66 anos.

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"Não dá para entender como alguém teria uma motivação iminente. É uma dor muito grande. A gente não se conforma e não vai ser calar. Não dá para parar agora. Não faz sentido, depois de tudo o que a Marielle fez... Não por ter sido com uma parlamentar, mas pela maneira que arquitetaram. Tem um mentor", afirmou.

Possíveis mandantes

Quinta vereadora mais votada no Rio, Marielle Franco denunciava violência policial e morreu aos 38 anos de idade
Reprodução/Youtube
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Ainda nesta difícil semana, a Polícia Civil pretende ouvir um colega de trabalho de Marielle, o vereador Marcello Siciliano (PHS), e o miliciano Orlando Curicica, ex-policial militar que está preso em Bangu – acusado da morte do ex-presidente da escola de samba Parque Curicica, Wagner Raphael de Souza, em 2015.

Os dois são apontados em delação como os mandantes da morte de Marielle e do seu motorista, Anderson Gomes, mas negam qualquer envolvimento com o caso.

Em carta divulgada na última quinta-feira (10) escrita de dentro da cadeia e entregue por seus advogados, Curicica nega qualquer participação na morte de Marielle. Na carta, ele garante que sequer conhecia a vereadora e que nunca esteve com Marcello Siciliano, contrariando o que diz o delator.

Ainda hoje, Siciliano também negou, por meio de nota, que tenha qualquer tipo de ligação com um grupo de milicianos que age na zona oeste do Rio.  No comunicado ele “reafirma que não tem e nunca teve envolvimento com milícia. Conforme noticiado pela própria imprensa, ele já foi investigado em inquérito realizado pela Delegacia de Repressão as Ações Criminosas Organizadas (Draco) e não foi indiciado, nem denunciado pelo Ministério Público [estadual].”

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No coração da família da vereadora, por sua vez, há desejos de que tais defesas sejam sinceras. "O meu coração de mãe pede é para que não seja ninguém que a gente conheça, pede que não seja ele. Se for, é uma traição", afirmou a mãe de Marielle Franco

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