Um depósito de resíduos da mineradora transbordou, despejando rejeitos tóxicos no meio ambiente
Agência Brasil
Um depósito de resíduos da mineradora transbordou, despejando rejeitos tóxicos no meio ambiente

A mineradora norueguesa Hydro AluNorte admitiu nesta segunda-feira (19), após ser autuada três vezes por autoridades ambientais, que despejou água não tratada no Rio Pará, em Barcarena . Em nota, a empresa pediu desculpas à população e prometeu ampliar a reavaliação dos sistemas de tratamento de água e de gerenciamento de efluentes para toda a área da refinaria.

“Descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no Rio Pará. Isso é completamente inaceitável e contraria o que a Hydro acredita. Em nome da companhia, peço desculpas às comunidades, às autoridades e à sociedade”, disse o presidente da mineradora , Svein Richard Brandtzæg. 

Maior refinaria de alumina do mundo, a Hydro AluNorte já foi alvo de oito sanções aplicadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará – entre notificações e autos de infração. De acordo com laudo do Instituto Evandro Chagas, do Ministério da Saúde, a empresa foi responsável por transbordamento dos depósitos de resíduos tóxicos, colocando em risco a saúde de moradores de ao menos três comunidades próximas. As primeiras análises de amostras do material colhido no local apontaram a presença de níveis elevados de chumbo, alumínio, sódio e outras substâncias prejudiciais à saúde humana e animal.

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A empresa foi autuada pela terceira vez na última quinta-feira (15) pela Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará. Os fiscais da pasta identificaram uma ligação entre a canaleta de escoamento de água das chuvas do galpão de carvão e o sistema de drenagem da fábrica ao lado, a Albras, que culmina no Rio Pará.

As autoridades ambientais paraenses afirmam que a refinaria usava essa ligação clandestina para descartar a água acumulada sem antes passar pelo sistema de tratamento de efluentes industriais, conforme estabelece a licença de operação concedida à empresa. De acordo com a secretaria estadual, mesmo que o material despejado não se trate de resíduos diretos da produção, precisa ser tratado, pois pode estar contaminado.

“Isso ressalta a importância de uma revisão completa da AluNorte, incluindo interfaces da operação com áreas adjacentes e a situação de licenciamento da planta para verificar o cumprimento integral das licenças. Precisamos do entendimento total para que possamos implementar as ações necessárias", prometeu Brandtzæg.

As autoridades paraenses já chegaram a determinar que a companhia diminua suas operações e reduza o nível de água nos depósitos de rejeitos. Até o último fim de semana, a secretaria ainda calculava o valor total das multas – das quais a empresa poderá recorrer após ser notificada.

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Medidas para sanar irregularidades

A mineradora contratou, no início de fevereiro, a empresa de consultoria brasileira SGW Serviços para avaliar o modelo de tratamento de água e verificar se o sistema da refinaria foi operado adequadamente. Frente às denúncias de despejo irregular de água, a empresa decidiu expandir a auditoria a fim de incluir todas as possíveis ligações entre a mineradora e as áreas ao redor. Além disso, uma auditoria interna realizada pela própria Hydro AluNorte deve revisar todas as licenças emitidas pelos órgãos responsáveis a fim de verificar a adequação da empresa à legislação do setor.

A companhia garante que a saída de água oriunda do telhado do galpão de armazenamento de carvão já foi fechada e que está trabalhando para encontrar a melhor solução para fechar também outra conexão. A mineradora anunciou ainda ter planos de investir cerca de R$ 212 milhões no sistema de tratamento de água da refinaria de alumina de Barcarena, ampliando a capacidade da unidade suportar condições climáticas extremas.

*Com informações e reportagem da Agência Brasil

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