"Entramos em qualquer lugar do Rio de Janeiro", garante interventor Braga Netto

General despreza barricadas armadas por criminosos na Vila Kennedy e diz que polícia e Exército têm acesso a qualquer região; Braga Netto promete entregar novas viaturas em abril e rechaça título de "intervenção militar"

Responsável por intervenção no RJ, general Walter Braga Netto garantiu novas viaturas em abril
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil - 2.3.18
Responsável por intervenção no RJ, general Walter Braga Netto garantiu novas viaturas em abril

O general Walter Braga Netto, responsável pela intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, garantiu que não há localidades no estado em que a polícia e o Exército não consigam acessar. "Não existe território liberado aqui no estado. A polícia entra onde ela quiser com maior ou menor dificuldade. Quando ela usa a força armada, ou que ela pede o nosso apoio [do Exército], nós entramos em qualquer lugar do estado", afirmou o interventor em entrevista à TV Globo

A declaração do general Braga Netto surge no mesmo dia em que as Forças Armadas retornaram à Vila Kennedy , comunidade na zona oeste do Rio de Janeiro, pela segunda vez na mesma semana para retirar barricadas colocadas por criminosos no intuito de impedir o avanço das forças de segurança.

Ainda na entrevista à TV Globo , o interventor voltou a falar sobre a possibilidade de pedir mandados de busca e apreensão coletivos para respaldar as ações das Forças Armadas em favelas do Rio de Janeiro.  "Em nenhum momento nós tocamos em mandado de busca coletivo. O que já foi feito antes e é legal [...] não é o mandado coletivo, é o mandado daquelas casas do entorno por causa da dificuldade de trabalhar dentro da comunidade", disse.

O general anunciou que deverão ser entregues, já em abril, as primeiras 200 novas viaturas de polícia de um total estimado de 1.000 novos carros prometidos no âmbito das ações que integram a intervenção federal.

Leia também: Forças Armadas investigam ex-militares que treinam criminosos em favelas no Rio

"Intervenção não é militar. É federal"

O chefe do Comando Militar-Leste (CML) fez questão de enfatizar que o decreto que repassou a ele o controe das ações de segurança no Rio até o dia 31 de dezembro não significa que o estado esteja sob uma "intervenção militar".

"Essa intervenção não é uma intervenção militar. É uma intervenção federal em que se nomeou um militar, por uma decisão de Brasília, para fazer a intervenção cooperativa e gerencial", defendeu. "A Segurança Pública do Rio nunca deixou de cumprir o papel que ela tinha que cumprir. Ela vinha passando por dificuldades e viemos para ajudar com a nossa expertise, com nosso efetivo e com nosso equipamento, essa estrutura de segurança pública no Rio de Janeiro", completou .

Sobre a possibilidade de extinguir Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o interventor disse que pediu ao secretário de Estado da Segurança, general Richard Nunes, um estudo para avaliar as atividades. "Pedi ao secretário para que faça uma análise e veja o que pode ser feito para que a UPP volte a funcionar dentro do que a comunidade espera. Que ela faça o patrulhamento, leve segurança e estabilize a área", afirmou o general Braga Netto.

Leia também: Quebra do sigilo bancário de Temer "enfraquece guerra contra crime", diz Marun