Ex-presidente da BRF Pedro de Andrade Faria foi preso nesta segunda-feira na terceira fase da Carne Fraca
Divulgação/Instituto BRF
Ex-presidente da BRF Pedro de Andrade Faria foi preso nesta segunda-feira na terceira fase da Carne Fraca

Os investigadores da Polícia Federal responsáveis pela Operação Trapaça, terceira fase da Operação Carne Fraca deflagrada nesta segunda-feira (5) , afirmaram à Justiça Federal no Paraná que o ex-diretor-presidente da BRF Pedro de Andrade Faria tinha conhecimento das fraudes em análises laboratoriais nas carnes comercializadas pelos frigoríficos do grupo.

Ao autorizar mandado de busca e apreensão no apartamento de Pedro, na zona sul de São Paulo, o juiz André Wasilewski Duszczak, da 1ª Vara Federal de Ponta Grossa (PR), citou e-mails apresentados pelos investigadores da Carne Fraca a respeito de uma  ação trabalhista movida por ex-funcionária da BRF.

Nesse processo, a ex-supervisora laboratorial Adriana Marques Carvalho alegou à Justiça que era orientada, sob "pressão explícita de seus superiores", a alterar os resultados de testes laboratoriais sempre que essas análises "acusavam a presença de algum agente infectante – como a bactéria  Salmonella sp ".

"Pedro de Andrade Faria, quando ciente das graves acusações deduzidas em Juízo na ação trabalhista [...], recomenda a Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior [vice-presidente da BRF] que tome medidas drásticas para proteger a empresa de possível apuração desses fatos pelas autoridades", narrou o juiz Duszczak em seu despacho.

"Perceba-se que Pedro, muito provavelmente lamentando um histórico de problemas semelhantes na empresa, comenta com Hélio que 'sempre levamos bucha dos mesmos
lugares', recomendando que a denúncia seja estancada de qualquer maneira ('por favor avalie algo drástico por lá'), continuou o magistrado.

Além da irregularidade denunciada na ação trabalhista movida pela ex-supervisora laboratorial, também serviu como pontapé inicial para a deflagração da Operação Trapaça denúncia oferecida pela granjeira Cristianne Liberti, associada que fornece o local de engorda dos frangos e presta a mão-de-obra necessária para a produção granjeira durante todo o período de engorda das aves.

Segundo Cristianne, sua granja recebeu em 2016 um lote de 46 mil pintos contaminados pela bactéria Salmonella pullorum . "Cristianne referiu que esse problema foi negligenciado pela BRF, inclusive quanto à notificação compulsória que é devida às autoridades sanitárias", mencionaram os delegados da PF.

A palavra da BRF e do Ministério da Agricultura

Em nota, a BRF alegou que "está se inteirando dos detalhes da operação e que está colaborando com as investigações para esclarecimento dos fatos". "A companhia segue as normas e regulamentos brasileiros e internacionais referentes à produção e comercialização de seus produtos, e há mais de 80 anos a BRF demonstra seus compromissos com a qualidade e segurança alimentar, os quais estão presentes em todas as suas operações no Brasil e no mundo", disse a empresa em comunicado. 

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por sua vez, divulgou nota afirmando que os laboratórios investigados na Operação Trapaça tiveram o credenciamento suspenso. 

A pasta também minimizou os riscos que a irregularidade identificada pode oferecer à saúde pública. "A presença da bactéria salmonela é comum, principalmente em carne de aves, pois faz parte da flora intestinal desses animais. No entanto, quando utilizados os procedimentos adequados de preparo minimizam os riscos no consumo da Salmonella, uma vez que a bactéria é destruída em altas temperaturas, como frituras e cozimento", informou o Ministério. 

O Mapa também anunciou que irá implementar "medidas complementares de fiscalização, com aumento de frequência de amostragem para as empresas envolvidas, até o final do processo de investigação" na nova fase da Carne Fraca.

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