PMs assassinados, população desprotegida no Rio de Janeiro e ministro irônico

Cidade tem segundo dia de tiroteio, enquanto isso o ministro da Defesa Raul Jungmann diz que o sistema de segurança a pública carioca está falido e que parte da culpa é da cobertura da imprensa que ele chama de masoquista

Você sabe por qual estrada, avenida, rua ou via pode andar no Rio de Janeiro? O Estado garante o seu direito de ir e vir pela orla da cidade maravilhosa? Eu posso responder essas perguntas: Não! Os PMs estão largados, a população está acuada e nossos governantes estão sentados vendo a coisa ruir.

Polícia do Rio de Janeiro e a população são as maiores vítimas do abandono dos políticos
Foto: Divulgação
Polícia do Rio de Janeiro e a população são as maiores vítimas do abandono dos políticos

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Na manha dessa quarta-feira (31), a Linha Amarela ficou fechada após confrontos com mortes entre PMs e criminosos na comunidade da Cidade de Deus. A situação caótica se repetiu na manhã desta quinta-feira (1), e Linha Amarela foi interditada novamente, por volta das 8h, e motoristas voltaram a viver momentos de pânico em meio à troca de tiros. 

Enquanto estávamos acuados entre a intensa troca de tiros, escondidos entre carros e entrincheirados dentro de nossas próprias casas, o ministro da Defesa, Raul Jungmann dizia que o sistema de segurança pública no País está falido. De acordo com ele, parte da culpa do caos é da cobertura masoquista feita pelos veículos da imprensa do País.

Atacar a imprensa e culpar a cobertura dos fatos parece no mínimo leviano da parte do ministro. Antes de apontar o dedo para qualquer lado, Jungmann deveria resolver os problemas que prometeu solucionar há mais de um ano. O ministro garantiu e firmou compromissos de acabar com o caos da segurança pública do Rio de Janeiro com o uso de forças federais e a implantação de programas de coordenação entre as forças do Estado e da Federação.

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Mas o que estamos vendo não é isso. Sempre com um sorriso irônico no rosto, Jungmann mostra total incapacidade de propor soluções. Há cada dia vemos mais armamento pesado e toneladas de drogas entrarem pelas nossas fronteiras. Coloque também na conta do ministro a morte de de 132 policiais mortos em 2017(81 estavam de folga, 29 em serviço e 22 eram policiais militares reformados). A maioria das mortes aconteceu na capital do Rio em 2017. Em 2018, os números já chegam a assustadoras 14 mortes de agentes de segurança cariocas. Isso sem falar nas centenas de moradores que pagaram com suas vidas.

Essas famílias que foram arrasadas merecem respeito e repostas imediatas e não a ironia de seu representante. A Polícia Militar do Rio está largada, com viaturas quebras e sem gasolina, armas antigas e que não funcionam, munição que falha, sem falar nos salários baixos, sem reajustes e atrasados. É preciso socorrer a PM do Estado!

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 22.9.17
Ministro da Defesa, Raul Jungmann considerou a cobertura da imprensa como masoquista

O socorro para os policiais deveriam vir do dinheiro do contribuinte, precisamos investir em quem arrisca a vida para garantir a nossa segurança. Pagamos uma série de impostos que garantem a mordomia de políticos corruptos que depois dizem não possuir verba para resolver os sérios problemas que dominam as ruas da cidade maravilhosa.

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A população está cada vez mais revoltada com o descaso dos seus representantes e não tem mais paciência para as balelas contadas pelos seus políticos. O recado para o ministro da Defesa Raul Jungmann é o seguinte: a imprensa vai continuar atenta e vai cobrar quem tem que ser cobrado pelo caos da segurança pública. Os PMs e a população estão do mesmo lado, resta saber de que lado os políticos também estão.