Alvos de megaoperação em SP enviaram fuzis para guerra na Rocinha, diz delegado

Polícia Civil cumpre 26 mandados de prisão e 94 de busca e apreensão nesta quinta; grampos telefônicos revelam que líder de quadrilha paulista recebeu pedidos de armas para facções que disputam domínio do tráfico no Rio

Megaoperação da Polícia Civil envolve cerca de 300 agentes em mais de dez cidades de São Paulo
Foto: Reprodução
Megaoperação da Polícia Civil envolve cerca de 300 agentes em mais de dez cidades de São Paulo

Cerca de 300 agentes da Polícia Civil de São Paulo realizam desde as primeiras horas desta quinta-feira (19) uma megaoperação contra o tráfico de drogas. Os principais alvos da investida, batizada de Operação Salazar, são foragidos da Justiça suspeitos de ter ligação com a venda de drogas na favela da Rocinha, comunidade da zona sul do Rio de Janeiro que tem atravessado período de disputas entre facções criminosas .

De acordo com a corporação, são cumpridos um total de 26 mandados de prisão temporária contra os suspeitos de ligação com o tráfico , além de 94 mandados de busca e apreensão em cidades da região metropolitana de São Paulo, do litoral e do interior do estado. Até por volta das 9h30 desta manhã, já haviam sido confirmados os cumprimentos de dez prisões, segundo a Secretaria da Segurança Pública de SP.

As diligências da Operação Salazar são comandadas pela Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, e ocorrem nas cidades de São Paulo, Praia Grande, Ilha Comprida, Iguape, Cananeia, Bragança Paulista, Socorro, Pedreira, Mongaguá, Santos, Cubatão, Registro, Jacupiranga, Itanhaém e, naturalmente, São Bernardo do Campo.

O principal alvo da operação desta quinta-feira é Fabiano Robson dos Santos Freitas, conhecido como Negão da Baixada, que já foi detido pela manhã. De acordo com o delegado Aldo Galiano Junior, titular da seccional da Dise em São Bernardo, foram identificadas ligações telefônicas de criminosos do Rio de Janeiro pedindo o apoio de Negão no fornecimento de fuzis.

"Temos ligações no Rio de Janeiro pedindo apoio a essa quadrilha de São Paulo em ajuda na guerra de facções que está acontecendo nos morros cariocas. Nós até tentamos fazer uma interceptação de armas, mas não deu resultado", disse o delegado, acrescentando que as apreensões de HDs e celulares de Negão devem ajudar a entender melhor a relação entre as quadrilhas de SP e do Rio.

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Fábrica de metralhadoras

Foto: Divulgação/Polícia Civil
Polícia Civil descobre fábrica de metralhadoras em Ferraz de Vasconcelos

Também nesta semana, a Polícia Civil de SP descobriu uma fábrica clandestina de metralhadoras na Grande São Paulo. De acordo com os agentes do 44º DP, de Guaianazes (zona leste), o imóvel em Ferraz de Vasconcelos era utilizado para "produzir parte do arsenal utilizado pelo crime organizado" no estado.

Foram apreendidos no local cinco metralhadoras caseiras em fase de montagem, além de diversas munições, inclusive de calibre .50. Um homem foi preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo e munição de uso restrito.

Favela da Rocinha

Com quase 70 mil habitantes, a Rocinha é a maior favela do País e está localizada em São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro.

A comunidade ganhou, mais uma vez, o noticiário nacional no mês passado ao servir de palco para intensos confrontos entre grupos de traficantes. Os seguidos tiroteios que justificaram até mesmo a ação das Forças Armadas por uma semana na favela decorreram do rompimento da aliança entre os traficantes conhecidos como Nem da Rocinha, que está preso, e Rogério 157, apontado como atual número-um do tráfico na comunidade.

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