Há quem tenha na ponta da língua o clássico discurso de que "brasileiro sempre quer sair ganhando", alinhado ao tal "jeitinho brasileiro" que sempre vem com uma carga de desobediência, e concluído pelo "cada povo tem os políticos que merecem, por isso tem tanto corrupto em Brasília". Porém, parece que as coisas estão mudando.
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De acordo com a organização não-governamental Transparência Internacional, em toda a América Latina, os brasileiros estão entre os que menos admitem ter pagado propina nos 12 meses anteriores à pesquisa para acessar serviços básicos (escola pública, hospital, confecção de documento de identidade, polícia, tribunais e serviços de saneamento). Ao todo, 11% do povo brasileiro admite ser um pequeno corrupto no dia a dia, uma das menores taxas da região, à frente apenas de Trinidad e Tobago (6%).
Foram entrevistadas 22.302 pessoas residentes em 20 países da América Latina e do Caribe, entre maio e dezembro de 2016. No Brasil , os dados foram coletados em maio e junho de 2016.
Ainda segundo o estudo, 83% dos brasileiros acreditam que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção. Esta é a maior taxa observada na América Latina, seguida por Costa Rica e Paraguai, ambas com 82%, segundo o Barômetro Global de Corrupção.
"Esse número é bem menor do que no México, que é 50%, ou no Peru, que é quase 40%. Isso também vai na contramão de um certo discurso inadequado de que brasileiros são corruptos, desonestos, que o País não tem jeito", afirmou o consultor sênior da Transparência Internacional no Brasil, Fabiano Angélico.
"Temos que reconhecer que nosso País está passando por uma crise profunda, é um momento difícil que parece apontar para um futuro ruim, mas a corrupção sistêmica que percebemos talvez se dê nas altas esferas de poder, não na vida cotidiana do cidadão comum", concluiu.
Fazer a diferença
O Barômetro Global de Corrupção , estudo divulgado nesta segunda-feira (9), mostra ainda que 83% dos brasileiros entrevistados acreditam que pessoas comuns podem fazer a diferença na luta contra a corrupção.
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Outros 71% responderam que passariam um dia inteiro em um tribunal para fornecer evidências de casos de corrupção.
Além disso, nós somos os que mais acreditamos ser socialmente aceitável reportar casos de corrupção (74%). Oito em cada dez brasileiros disseram que se sentiriam obrigados a reportar um caso de corrupção caso presenciasse (81%).
“Existe uma percepção da população brasileira de que ela tem um papel na luta contra a corrupção e no fato de que a sociedade pode ajudar no combate à corrupção, o que é um dado muito positivo e acertado. Em nenhum país que conseguiu controlar a corrupção apenas os órgãos de Estado, classe política e Judiciário agiram. A sociedade tem papel importante em apoiar e cobrar”, afirmou Angélico.
Ainda de acordo com os dados, pelo menos 47% dos entrevistados em todos os países consideram especialmente que o trabalho mais corrupto está nas mãos dos policiais e dos políticos.
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* Com informações da Agência Brasil.