Esta imagem foi símbolo da campanha pelos direitos indígenas na  Assembleia Nacional Constituinte, após a ditadura
Claudia Andujar
Esta imagem foi símbolo da campanha pelos direitos indígenas na Assembleia Nacional Constituinte, após a ditadura

O Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) pediu, nesta segunda-feira (28), uma indenização R$ 50 milhões e um pedido de desculpas da União pelo  genocídio de indígenas Waimiri-Atroari, durante o período da ditadura militar.

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Os assassinatos, segundo o MPF, teriam ocorrido durante a construção da BR-174, estrada que liga Manaus à cidade de Boa Vista. As obras enfrentaram resistência dos indígenas que ocupavam a terra na região.

Como argumento para a indenização, a procuradoria cita a Comissão Nacional da Verdade, que confirma a redução da etnia na época da construção da rodovia. Segundo o documento oficial, na década de 70, havia 3 mil índios vivendo na terra. Na década seguinte, esse número caiu para apenas 332 indivíduos.

O MPF alega ainda que o conjunto de provas apresentadas à Justiça “demonstra que o Estado brasileiro promoveu ações baseadas nas políticas de contato e de ataques diretos aos indígenas que causaram a redução demográfica do povo Waimiri-Atroari em larga escala”.

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Além da indenização e do pedido de desculpas oficiais, o Ministério Público pede que a União inclua as violações sofridas pelos índios no conteúdo das escolas nos ensinos fundamental e médio, com destaque ao genocídio do povo Waimiri-Atroari, que se autodenomina como povo Kinja.

Argumentos para a indenização

Uma outra prova usada pelo MPF na ação é um ofício trocado entre comandantes militares, onde há ordens para “realizar pequenas demonstrações de força, para mostrar os efeitos de uma rajada de metralhadora, de granadas defensivas e da destruição pelo uso da dinamite” perante os índios.

Além do ofício, há ainda depoimentos que relatam corpos sendo enterrados às margens da estrada e ataques aéreos às aldeias.

O MPF escreve na ação que “o Estado brasileiro patrocinou a invasão do território indígena e a redução da população Kinja, não medindo esforços para realizar o genocídio da etnia.” E que havia “pelo menos, desde 1974, uma ação genocida do Estado brasileiro de ataques violentos, por bombas, tiros e torturas”.

Essa ação civil pública tramita agora na 3ª Vara Federal do Amazonas e é assinada pelo procurador da República Julio Araujo, coordenador do grupo Povos Indígenas e Regime Militar, e outros cinco procuradores.

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* Com informações da Agência Brasil.

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