Delegadas Tatiana Queiroz (esq.) e Juliana Emerique durante coletiva sobre a prisão de suspeitos de tráfico de pessoas
Tomaz Silva/Agência Brasil - 20.7.17
Delegadas Tatiana Queiroz (esq.) e Juliana Emerique durante coletiva sobre a prisão de suspeitos de tráfico de pessoas

Quatro suspeitos de manter em cárcere privado e explorar sexualmente duas adolescentes paraguaias foram presos nesta quinta-feira (20) em operação de combate ao tráfico de pessoas no Rio de Janeiro. A investida da Polícia Civil do Rio, com o apoio do Ministério Público do estado e do poder Judiciário, incluiu o cumprimento de três mandados de busca e apreensão no município de Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

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As vítimas de exploração sexual já retornaram ao Paraguai, segundo informou a Agência Brasil . As adolescentes haviam chegado ao Brasil junto ao brasileiro Rodrigo Moreira Araújo, representante legal das jovens, e de sua esposa, Mercedes Lopez, que é paraguaia.

Segundo denúncia de uma das vítimas, de 16 anos de idade, o casal a manteve em cárcere privado durante dois anos. Quando a Polícia já investigava o caso, uma segunda vítima, de 15 anos, foi trazida para viver nas mesmas condições. Após três meses mantida em cárcere privado, ela também fugiu e fez a denúncia em junho.

De acordo com a delegada Juliana Emerique, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima, as jovens moravam na residência do casal, trabalhavam como empregadas domésticas e sofriam abusos sexuais do marido e de outros dois suspeitos, Denyel Camilo Araújo, irmão de Rodrigo, e Éden da Silva Carvalho, vizinho do casal, que pagavam para estuprar as meninas. A primeira vítima chegou a engravidar de Denyel e teria feito um aborto. As jovens contaram aos investigadores que vieram ao Brasil em busca de uma vida melhor e foram enganadas.

A delegada Tatiana Queiroz, titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Belford Roxo, contou que a primeira vítima compareceu à delegacia em março, acompanhada de Rodrigo para fazer uma denúncia de estupro.

A delegada suspeita que a denúncia foi feita com consentimento do próprio Rodrigo, pois, apesar de ser o agressor, ele queria o registro de ocorrência de estupro para que a menina fizesse um aborto legal, caso estivesse grávida novamente.

“Ela depois conseguiu fugir e compareceu à delegacia no dia seguinte com uma vizinha, contando outra versão totalmente diferente [da do dia anterior]”, explicou a delegada Tatiana. “Ela estava extremamente fragilizada. Estou acostumada a lidar com casos de estupro de vulnerável, três a quatro por dia, mas fiquei muito sensibilizada com essa vítima”, contou.

Rodrigo já foi preso com base na Lei Maria da Penha, por ter agredido a esposa Mercedes. Eles têm dois filhos menores de idade. Mercedes ainda mantinha uma creche informal em casa para crianças da comunidade onde morava, em Parque Esperança.

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"Preferia viver sendo abusada do que retornar ao Paraguai"

Segundo a delegada Tatiana, as vítimas não queriam retornar ao Paraguai, pois relataram que moravam em situação de miséria. A segunda vítima dizia que preferia até mesmo continuar a ser explorada. “Ela chorava dizendo que não queria voltar para o Paraguai, ou seja, preferia viver sendo abusada e explorada do que voltar para a miséria”. Impedidas de contatar a família, elas não recebiam pelos trabalhos, mas eram informadas pelo casal de que uma ajuda de custo era enviada aos parentes, sem a certeza de que isso ocorria.

“Estamos abrindo uma caixa de pandora, esta é apenas a primeira fase. Agora, vamos ver os indícios dessa natureza internacional, para saber como essas adolescentes entram no Brasil, quais são as rotas, e se há efetivo recrutamento. A Polícia Federal será devidamente comunicada por ser crimes da sua atribuição de atuação” completou a delegada Juliana, uma das responsáveis pelas investigações de exploração sexual e tráfico de pessoas.

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*Com informações e reportagem da Agência Brasil

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