A semente da Revolução de 1932
A Revolução de 1932 está para São Paulo como a 2ª Guerra Mundial está para o mundo e sua origem está na Declaração da República de 1889. Quando o Brasil trocou o regime monárquico pelo republicano o poder foi dividido entre os produtores de café de São Paulo e os produtores de leite de Minas Gerais, o que ficou conhecido como a “Política do Café com Leite”, onde havia uma alternância de poder entre esses dois Estados.
Leia também: Batalhão de Choque do Estado de São Paulo defende a democracia
Em 1929, com a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque a exportação do café brasileiro foi drasticamente afetada gerando uma imensa crise interna no país e que foi o estopim para a Revolução de 1930 que alterou, definitivamente, as estruturas de poder no país. O presidente Washington Luiz é deposto e exilado; Getúlio Vargas assume a presidência. Era o fim da República Velha.
Membros Partido Democrático de São Paulo apoiam Getúlio Vargas com a promessa de nomeação de Francisco Morato para o Governo do Estado, mas ao invés disso foi nomeado o Tenente pernambucano João Alberto. A decisão irritou o povo paulista. Nascia aí a semente da Revolução de 1932
João Alberto possuía um alinhamento com o comunismo e iniciou um programa de reforma agrária no Estado; autorizou comícios comunistas na cidade de São Paulo e distribuiu cargos públicos aos Tenentes do Exército que participaram da Revolução o que desagradou a elite empresarial, comerciantes e funcionários públicos.
Leia também: Pensão dos heróis de 1932 e assassinato de um PM em 2017 - Entenda
Getúlio Vargas ataca os Paulistas
Em 01 de Janeiro de 1931 o Jornal o Estado de São Paulo publicou um editorial pedindo uma nova constituinte já que Getúlio havia fechado o Congresso e nomeado interventores nos Estados. O clima geral era de insatisfação e esse pedido teve repercussão nacional.
Getúlio Vargas passa então a atacar os paulistas aplicando sanções contra o Estado o que fez com que o povo se unisse contra o Governo Federal. Os estudantes de Direito do Largo de São Francisco passam a ser os principais críticos do regime e inflamam a população.
Getúlio ordena a destruição do Jornal a Gazeta e o confisco de armas da Forças Pública do Estado de São Paulo, atual Polícia Militar. Essa atitude visava diminuir a capacidade de resistência do povo paulista, porém a causa constitucionalista passa a ganhar força no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e outros Estados.
Os Oficiais do Exército também estavam descontentes, pois os Tenentes haviam assumido cargos públicos e tinham mais poder que os Generais. Em São Paulo o General Izidoro Dias Lopes e o Coronel Euclides Figueiredo articulavam com o General Bertoldo Klinger (Mato Grosso) a derrubada Getúlio Vargas e os Tenentes. Em contrapartida o Governo Federal censurava a imprensa com truculência.
Leia também: Comandos e Operações Especiais - Conheça a tropa de elite da Polícia Militar/SP
MMDC, o inicio da Revolução de 1932
O movimento para derrubar Getúlio Vargas deveria começar no dia 14 de Julho, data da queda da Bastilha, porém na noite 22 para 23 de maio de 1932 ocorreram diversas manifestações e na praça da República houve um embate na sede tenentista onde os estudantes Martins; Miragaia; Drauzio e Camargo (MMDC) foram mortos e esse foi o início antecipado da Guerra.
No dia 9 de Julho inicia-se a Revolução com a derrubada do governo interventor. A Força Pública, com seus 12 mil homens, posta-se ao lado dos interesses do povo paulista enviando suas tropas para locais estratégicos dentro do Estado, com veículos blindados, armas e munições e treinando os cerca de 45 mil civis voluntários que se alistaram para defender a terra paulista e os ideiais constitucionalistas.
O principal efetivo foi em direção ao Rio de Janeiro, Capital Federal. As tropas estacionaram na Serra da Mantiqueira e tomaram o túnel da estrada de ferro para impedir a passagem das Tropas Federais, esperando a chegada das tropas do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Mato-Grosso que deveriam apoiar as tropas constitucionalistas.
No dia 13 de Julho o Exército Federal entra em embate com a Infantaria da Força Pública, em São José do Barreiro. Os paulistas mostram seu valor e experiência militar fazendo os federais baterem em retirada.
A Traição
Os mineiros que haviam se comprometido a enviar tropas para apoiar a causa traíram os paulistas e vieram para lutar ao lado dos federais. Por conta da traição mineira houve necessidade de estabelecer um flanco de batalha na região de Campinas e ali a investida federal foi feita com aviões que atacaram e destruíram a estação de trens e as principais estruturas urbanas.
Leia também: Um dia na vida de um Policial de ROTA
Outra frente de batalha foi ao Sul do Estado, na região do Vale do Ribeira, para fazer frente aos traidores sulistas (gaúchos; paranaenses e catarinenses). Itararé e Buri foram localidades de combates ao sul. Alí os paulistas estavam sendo massacrados.
Na região de Santos e Guarujá a Marinha atacou e bombardeou as cidades. Durante a Revolução Santos Dumont cometeu suicídio no Guarujá. Ele já havia declarado não suportar ver sua invenção usada para guerra.
Vitória Constitucionalista
Durante a Revolução São Paulo lutou com cerca de 60 mil homens contra 200 mil federais.
O povo paulista fez imensos sacrifícios pela causa doando seus bens para a revolução. A indústria paulista reverteu sua produção para apoiar as tropas e a Polícia Militar se posicionou ao lado dos paulistas e da causa constitucionalista.
Leia também: Se o problema é sério chame a Polícia Militar. Se é impossível chame o GATE
Em 02 de outubro de 1932 as tropas paulistas se rendem. A Força Pública perdeu alguns de seus principais quarteis; teve suas armas de artilharia; aviões e o Campo de Marte confiscados, mas manteve a cabeça erguida. Fomos traídos; perdemos a Guerra, mas não nos vendemos. Ao final o Brasil ganhou uma nova Constituição
Brasão de Armas da Polícia Militar do Estado de São Paulo
A Polícia Militar do Estado de São Paulo é uma instituição legalista e constitucionalista há 185. Nesses quase 2 séculos presenciou e participou dos principais eventos de definiram a história do nosso estado e do Brasil, incluindo a Revolução de 1932. Seu Brasão de Armas simboliza e contém parte desta história. Conhça seu significado.
O brasão de Armas da Polícia Militar do Estado de São Paulo é um Escudo Português, perfilado em ouro, tendo uma bordadura vermelha carregada de 18 estrelas de 5 pontas em prata, representando marcos históricos da Instituição.
1- No Centro, em listras vermelhas verticais e horizontais, as cores representativas da Bandeira Paulista, também perfiladas em ouro.
2- Como timbre, um leão rampante em ouro, apoiado sobre um virol em vermelho e prata, empunhando um gládio, com punho em ouro e lâmina em prata.
3- À direita do Brasão um ramo de carvalho e à esquerda um ramo de louro, cruzados em sua base.
4- Como tenentes, à direita, a figura de um Bandeirante com bacamarte e espada, e à esquerda um Soldado da época da criação da Milícia, empunhando um fuzil com baioneta, ambos em posição de sentido.
5- Num listel em azul, a legenda em prata "LEALDADE E CONSTÂNCIA".
6- Marcos históricos da Polícia Militar, representados pelas 18 estrela:
1ª ESTRELA -15 de Dezembro de 1831,criação da Milícia Bandeirante
2ª ESTRELA – 1838, Guerra dos Farrapos
3ª ESTRELA – 1839, Campos dos Palmas
4ª ESTRELA – 1842, Revolução Liberal de Sorocaba
5ª ESTRELA – 1865 a 1870, Guerra do Paraguai
6ª ESTRELA – 1893, Revolta da Armada (Revolução Federalista)
7ª ESTRELA – 1896, Questão dos Protocolos
8ª ESTRELA – 1897, Campanha de Canudos
9ª ESTRELA – 1910, Revolta do Marinheiro João Cândido
10ª ESTRELA – 1917, Greve Operária
11ª ESTRELA – 1922, “Os 18 do Forte de Copacabana” e Sedição do Mato Grosso
12ª ESTRELA – 1924, Revolução de São Paulo e Campanhas do Sul
13ª ESTRELA – 1926, Campanhas do Nordeste e Goiás
14ª ESTRELA – 1930, Revolução Outubrista-Getúlio Vargas
15ª ESTRELA – 1932, Revolução Constitucionalista
16ª ESTRELA – 1935/1937, Movimentos Extremistas
17ª ESTRELA – 1942/1945, 2ª Guerra Mundial
18ª ESTRELA – 1964, Revolução de Março