Operação Perfídia foi deflagrada no Distrito Federal e em 11 estados contra grupo que lavou mais de US$ 5 bilhões
Fernanda Carvalho/Fotos Públicas - 3.3.17
Operação Perfídia foi deflagrada no Distrito Federal e em 11 estados contra grupo que lavou mais de US$ 5 bilhões

O Ministério Público Federal (MPF) enviou nesta quinta-feira (27) um pedido para que a Justiça de Brasília converta as prisões temporárias da advogada Cláudia Chater e de Edvaldo Pinto, que têm duração de cinco dias, em preventivas – que não têm período estipulado. Os dois foram detidos na última quarta-feira (26) no âmbito da Operação Perfídia , que apura a atuação de uma organização criminosa que lavou mais de US$ 5 bilhões no exterior e também pratica o crime de falsificação de documentos.

A advogada Cláudia Chater é apontada como líder do esquema investigado na Perfídia , enquanto Edvaldo foi identificado como "um dos principais parceiros" da advogada nas ações criminosas.

No pedido apresentado ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal, em Brasília, o MPF justifica que a manutenção das prisões dos dois é "necessária para interromper a ação delituosa do grupo que, pelos indícios reunidos até o momento, apontam para o caráter transnacional da organização".

O pedido foi apresentado junto com uma ação penal contra Cláudia e Edvaldo. Neste caso, o MPF pede que eles respondam por falsificação de documentos públicos e particular. Essa é a segunda ação penal proposta pelo MPF no âmbito das investigações envolvendo o esquema de falsificação de documentos. A primeira foi enviada à Justiça, ainda em 2016, e teve origem na prisão em flagrante de Ismail Suleiman Hamdan Al Helalat.

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Esquema bilionário

A prisão do jordaniano Islail Suleiman ocorreu em agosto do ano passado no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília. Ele portava um passaporte brasileiro falso e, posteriormente, a apuração mostrou que o documento foi providenciado por integrantes do esquema liderado por Cláudia Chater.

Foi identificado que a organização criminosa realizava operações de câmbio não-autorizadas, além de dissimularem a aquisição de imóveis de alto valor e promover a evasão de divisas. Para isso, eles se utilizavam de “laranjas” e falsificavam documentos públicos, especialmente certidões de nascimento emitidas em cartórios no interior do Brasil.

Durante as investigações, foi possível conferir que a falsificação de documentos, sempre fornecidos a pessoas de origem árabe, era uma prática comum da organização criminosa, mas que esse não era o único delito cometido pelo grupo.

Segundo documento levado pela Polícia Federal à 10ª Vara da Justiça no DF, a "finalidade e modo de agir" da organização criminosa ainda não são totalmente compreendidas, mas as apurações já realizadas indicam o uso da falsificação de documentos e a "interposição de pessoas para consecução de seus objetivos, incluindo a remessa de valores ao exterior".

"Essa mesma estrutura também seria empregada na realização de atos de ocultação, dissimulação de movimentação, da origem e destino de valores, ainda restando apurar os reais beneficiários dessas ações", indica o documento.

Os investigadores da PF também afirmam que ainda há "muitos pontos que permanecem obscuros", mas há  "inegável convergência de elementos indicadores de que o grupo Chater está atuando com empresas ligadas ao ramo de hotelaria, postos de gasolina, lotéricas, troca de moeda estrangeira, contas no exterior e offshore , não atendendo apenas aos próprios interesses, e tampouco se dedicando somente à falsificação de documentos". 

Em uma única transação, segundo os procuradores da Operação Perfídia, a empresa Global Recreative Sistem – GRS C.A, uma offshore com sede na Venezuela, movimentou US$ 5 bilhões. A mesma empresa é apontada como a compradora de uma fazenda no valor de R$ 100 milhões. Neste caso específico, as investigações revelaram o pagamento de uma comissão de R$ 1,5 milhão a Cláudia Chater.

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