De acordo com o tenete-coronel Motta, controlar o incêndio foi difícil por conta das características do local
Twitter/ BombeirosPMESP/ Reprodução 01.03.2017
De acordo com o tenete-coronel Motta, controlar o incêndio foi difícil por conta das características do local

A causa do incêndio que atingiu a favela Paraisópolis, zona sul de São Paulo, nesta quarta-feira (1) ainda é desconhecida. Segundo os Bombeiros, há o registro de duas mulheres que precisaram de atendimento médico. Uma delas, de 20 anos, passou mal após inalar fumaça. Já a segunda, de 51 anos, sofreu uma crise nervosa por conta do fogo. Ambas foram atendidas no AMA Paraisópolis.

De acordo com o tenete-coronel Motta, do Corpo de Bombeiros, controlar o incêndio foi difícil por conta das características do local. Os próprios moradores chegaram a ajudar no combate ao fogo usando baldes. “É uma área de difícil acesso a caminhões. [Precisamos de] mangueiras muito extensas. É um trabalho extenuante entrar aqui dentro das vielas e mesmo dentro dos barracos que foram atingidos”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Pelo menos 50 casas foram destruídas e aproximadamente 100 homens foram encaminhados ao local para controlar o fogo. “A perda, infelizmente, foi grande. Foi perda total de bens materiais”, disse ainda tenente Motta.

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O presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis, Emerson Barata, disse não ter informações sobre como o fogo começou, mas que a prioridade agora é “atender o morador da melhor maneira possível”. “Essa área aqui era para ser construída uma escola de música, uma área que foi reinvadida. Hoje, por causa do descaso da própria prefeitura, que não fez a escola de música, foram atingidas de 500 a 600 famílias.”

Segundo o líder comunitário, cerca de 100 mil famílias vivem hoje em Paraisópolis, que é considerada a segunda maior comunidade de São Paulo, atrás apenas de Heliópolis, também na zona sul. Equipes da prefeitura foram até o local para cadastrar e atender as pessoas que perderam tudo.

Moradores perderam tudo

A diarista Ana do Carmo Cardoso Costa, de 46 anos, vive no lugar há mais de 25 anos com duas filhas e dois gatos, animais que ela acredita terem morrido no incêndio. Ela reclama das invasões constantes no local. “Essa é a quinta invasão. Não precisava o povo ter invadido. Hoje, eu não precisava estar passando por isso. Não salvei nada.”

Muito abalada, afirmou ao presidente da associação que quer sua moradia de volta. “Eu não quero o cadastro da prefeitura. Eu não quero aluguel social. Eu quero a minha casa de volta. Eu trabalhei para construir a minha casa. Não trabalhei para ficar vivendo de aluguel social, não”, gritou, sob aplausos de muitos moradores.

O jardineiro Arnaldo Herculano da Silva, de 55 anos, estava em casa quando o incêndio começou. Ele só teve tempo de pegar os documentos e retirar a família do local. Silva contou que mora no local há cerca de três anos. “Estava em casa, almoçando, de repente, pegou fogo ligeirinho. Não salvei nada. Ficou televisão, armário, geladeira, guarda-roupa e roupa. Só peguei o documento e duas calças. Estávamos eu, a mulher e o cunhado. Saímos ilesos, graças a Deus.”

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O carpinteiro Egnaldo de Souza Cruz, de 9 anos, também perdeu a casa no incêndio de hoje. Ao lado da esposa e dois filhos, um deles um bebê, ele buscava informações sobre o que fazer agora. “Comecei a tirar minha família e os vizinhos, meus irmãos e irmãs. Na nossa casa está todo mundo bem. Só salvei o botijão de gás e minha família, que é o mais importante, e os documentos. Mais nada.” Ele ainda não sabe onde irá passar a noite com a família. “Onde Deus permitir e puder.”

Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura ainda não se pronunciou sobre o incêndio e a reclamação de alguns moradores sobre a escola de música e as novas ocupações.

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